Seis lições para NÃO se eleger sendo de esquerda
1. Diga coisas que somente meia dúzia entenderão
Lembre-se, o usual das pessoas é serem rasas. Essa mania de ser, ou parecer ser, intelectual, com ares de superioridade, vai ferrar a sua candidatura. Povão gosta de platitudes e não está nem aí para Marx e a sua mais valia. Se tentar explicar sociologicamente que o trabalhador é um explorado pelo capital, bingo, perdeu, mané!
Citar pensamentos do livro “Pedagogia do Oprimido”, seja em que situação for, será considerado como um crime eleitoral inafiançável. Se escapar, mesmo que sem querer, o nome do autor, saia correndo e nunca mais tente.
2. Seja progressista em tudo
Há uma linha tênue entre ser progressista e acabar cancelado por ser comunista. Tenha medo: progressistas “raiz” são, por definição, tachados de comunistas. Os mais ou menos são socialistas e a turba não sabe a diferença entre socialismo e comunismo. Aliás, como são rasos, não sabem a diferença entre quaisquer coisas que envolva o “penso”, o que é perigoso.
O bom progressista sabe maneirar. Lembre-se: somos um povo preconceituoso. Defenda com unhas e dentes as famílias não tradicionais e a sopa de letrinhas dos gêneros e será morte certa. Metafórica, claro. E se falar em igualdade como valor a ser defendido acima de tudo, nem entre na disputa. O povo quer liberdade e não igualdade.
3. Defenda, acima de tudo, que o estado seja laico
Ignorar as religiões é ponto certo para a não eleição. Lembre-se: a mídia, com poucas exceções, está nas mãos ou de igrejas ou de religiosos. É Deus acima de tudo e seus prepostos políticos acima de todos. Para eles, essa balela de estado laico é historinha pra boi dormir. Já tomaram conta do estado (todos os entes) há tempos. Então, vão interpretar como se quisesses acabar com as mamatas deles. Seja um esquerdista “raiz” e babaus…
4. Temas espinhosos
Educação, segurança, trabalho, mobilidade, meio ambiente, aquecimento global, privatizações e alguns outros, são os chamados temas espinhosos. São, também, o campo perfeito para uso de defesas acaloradas pelos progressistas.
Muita hora nessa calma. Conservadores detestam professores, ecochatos e intervenção do estado na vida deles. E lembre-se: são a maioria do eleitorado. Defesas aguerridas desses temas, com viés progressista, são tiro no pé.
Frases de efeito não funcionam na boca de progressistas. A turma é escolada, sempre entende “resolver problemas sociais” como “é certo que vão nos tirar alguma coisa”. Essa é das poucas situações em que eles não são rasos, embora ignorantes.
Um detalhe importante: se usar a primeira pessoa para falar, vão entender como egoísmo. Os conservadores não são egoístas, nunca querem tudo para si, apenas o melhor para ser dividido entre os seus. Se usar a terceira pessoa do plural, vão entender que fazes parte de um grupo, “O” grupo que quer implantar a ditadura do proletariado. Nem um nem outro? Equilíbrio. Sim, complicado falar em equilíbrio para progressitas, mas tente.
Nunca, jamais, nunca mesmo use linguagem neutra. Além de não se eleger, vai ficar desempregado por muito tempo.
Se não usar de platitudes nesses temas espinhosos, é derrota na certa!
Uma dica de pai pra filho: nunca use “venham todes conosco nessa jornada”. Se usar, me convide para o enterro. Metafórico, claro! (ou não…)
5. Prometer ou não prometer, eis a questão
Progressistas, que normalmente se acham mais realistas que o rei, também gostam de fazer promessas. Só que promessas feitas por progressistas viram assistencialismo na mente dos conservadores.
Vamos acabar com a fome, vamos dar trabalho com salário digno para todos e outras promessas típicas podem não servir para um povo há mais de meio século doutrinado a pensar que o mais importante é a liberdade.
Lembre-se: acabar com a fome, no Brasil, dá cadeia e golpe. Promessas podem fazer com que tenha que trabalhar e perder a boquinha de político profissional.
6. Divulgue fake news
“Veje bem”: fake news é quase propriedade intelectual da direita, registrada no INPI. Se não quer ser eleito, use-as à vontade. De preferência, aquelas sobre expoentes mitológicos e seu séquito de baba-ovos.
Atente, no entanto, para algumas novas subcelebridades políticas, híbridos tipo “general com senador” e espécies similares. Desses é possível fazer memes – e não fake news – visto que já começaram a fazer o que deles se esperava: merda. Pode ser que o uso de memes não seja tão desastroso para a campanha.
Não importa se a fake news já foi ou será desmentida. Fake News divulgado por progressistas desencadeiam o mesmo efeito que Israel sobre o Hamas e a Faixa de Gaza: destruição total, aniquilamento.
Um pequeno cuidado: não defenda ou divulgue ideias sobre a Terra ser esférica. Apesar de muita gente levar a ciência a sério, não convém despertar a ira dos defensores da Terra plana. E se algum adversário perguntar se você acredita que a Terra seja redonda, use o recurso dos conservadores e saia com uma platitude do tipo: “todas as formas de pensar a natureza devem ser respeitadas”. E emende um “mas e as joias do mito, hein?”. Essa última liquida de vez qualquer pretensão de se eleger!
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