Retrospectiva 2014 – XIV: a ano da “vingança”?
Escola na Bahia resolve trocar o nome do General Emílio Garrastazzu Médici para Carlos Marighella (aqui).
Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprova trocar o nome da principal avenida de acesso à cidade, Av. Presidente Castelo Branco, para Av. da Legalidade e da Democracia (aqui).
Prefeitura da cidade de Taquari (RS), retira busto do ex-presidente Costa e Silva da praça (aqui).
A alegação para todos os atos é que esses ex-presidentes foram ditadores e que, portanto, não mereciam mais a homenagem. A Prefeitura de Taquari divulgou nota associando a decisão ao relatório da Comissão Nacional da Verdade (aqui),
Homenagens são fruto de contextos e de valores que a sociedade possui quando resolve homenagear pessoas ou fatos históricos.
Os processos em que os atos ocorreram são diferentes. A mudança do nome da escola partiu da comunidade escolar. A mudança do nome da rua em Porto Alegre foi aprovada pela Câmara dos Vereadores. Em síntese, procedimentos democráticos, frutos do contexto e dos valores atualmente priorizados pelas sociedades.
O caso da Prefeitura de Taquari é substancialmente diferente. Embora se diga que prefeituras tenham poder sobre seus próprios (menos o de dar-lhes nomes e destinação diferente do previsto em lei), certos atos caracterizam-se como autoritários, por não haver disposição do comando municipal em fazer prévia consulta ao povo local, embora isso seja, legalmente, desnecessário.
É que, embora sejam próprios da prefeitura, são espaços públicos mantidos com impostos pagos pelo povo da cidade.
O mínimo que se poderia esperar era que a prefeitura de Taquari tivesse o bom senso de fazer uma consulta ao povo. Mais ainda se levarmos em consideração que parcela da população pode querer a permanência da homenagem. E não temos sequer noção do tamanho dessa parcela. E se for grande? E se for maior do que os que não querem a homenagem?
O que o prefeito de Taquari fez equipara-se, moralmente, ao que fizeram os ditadores que ele tanto quer retirar da memória pública da cidade, confinando-a ao museu. O que ele fez resume-se à vontade de poucos, embora possam parecer muitos. Não se sabe, pois o povo não foi consultado.
Foi, sem dúvida alguma, um ato de ditador. O que já o exclui, por definição, de receber homenagens da cidade de Taquiri.
Um ato de vingança! Simples assim…
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