Palavra do Dia: #25/2023 – Desbolsonarização
XXV – I – III EL
Décimo Quinto Dia do Primeiro Ano da Terceira Era Lula
Desbolsonarização. Já começaram errado.
Em um encontro realizado segunda-feira, 23 (ver em SUL21), entre políticos do PT e do PSOL, “visando a composição de uma aliança de esquerda para a disputa pela Prefeitura de Porto Alegre”, disse Roberto Robaina (PSOL): “O objetivo desse encontro foi começar a pensar a necessidade de pensar um movimento democrático que envolva muita gente na cidade, que envolva forças políticas que queiram ‘desbolsonarizar’ Porto Alegre.”
É possível conhecer o resultado de uma ação muito antes dela acontecer. Basta olhar para o objetivo da ação. Se é esse o objetivo, ou um dos objetivos, mas uma vez as “forças do campo democrático e popular”, usando a expressão tão cara ao ex-prefeito e ex-governador Olívio Dutra (PT) erram o alvo.
A expressão, nascida por volta do final dos anos 70 e início dos anos 80, tem um significado a ser recuperado. E esse significado não é a “desbolsonarização”.
Significa retomar o objetivo principal da luta política, expressa na palavra “popular”. As “esquerdas” (e principalmente o PT – e isso é fato corrente, portanto não opinião somente minha) praticamente abandonaram a prática popular.
Melo, por seu turno, não deixa de visitar vilas, parques, praças e segue fazendo sua campanha onde ela deve ser feita: pisando o chão e não nos discursos. E cantando aos quatro cantos suas façanhas.
E o que as “esquerdas” fazem enquanto isso? Quem a gente vê pisando vilas, fábricas, campos, escolas? Quem a esquerda oferece além de Lula? Não fora a candidatura de Lula e sabemos o que aconteceria com as “esquerdas”. Com certeza estariam reduzidas ao tamanho quase nanico do PSDB, cuja estratégia tem sido muito similar. Não fora o apelo emotivo de Lula junto ao povo nordestino e todo o projeto teria fracassado. Lembremos que a margem da vitória de Lula foi apertadíssima.
E mais: abandonaram a juventude. A juventude de classe média, a pobre, periférica, quiçá a que mais precisaria de uma acompanhamento durante os últimos seis anos. Os jovens deveriam ser um dos principais focos de atuação (não discursiva) das “esquerdas”. Nas escolas, nas vilas, nas universidades e faculdades.
As “esquerdas” deveriam sair do discurso e colocar o pé no chão, na prática, pois é aí que estão as “forças democráticas e populares”. Já deveriam ter começado a fazer isso desde 2016 e não esperar para agora, às vésperas da eleição.
Ter como objetivo “desbolsonarizar” a prefeitura é desprezar a força da juventude e do campo popular.
Devemos esquecer que Melo e sua trupe são bolsonaristas e concentrar esforços na reconquita dos “corações e mentes” daqueles que foram seduzidos pelo canto da sereia que criou o ódio ao PT e às “esquerdas” em geral. Mostrar a elas que existe uma saída, um projeto de cidadania, um projeto de cidade. Que podem voltar a acreditar no antigo sonho de que “um mundo melhor é possível”, “uma nova Porto Alegre é possível”.
Como dizemos aqui no Rio Grande, lutar para desbolsonarizar Porto Alegre vai ser “gastar pólvora em chimango”. Infelizmente é isso que as “esquerdas’ têm feito ultimamente…
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