Merval prova: Dilma falou a verdade!
Merval, o Imortal, entra cedo na disputa para ver quem terminará o ano como o maior miqueiro do PIG. Começa bem, pois começa provando que a presidenta Dilma tinha razão quando se referiu a uma “guerra psicológica”. O post de hoje, no seu blog, é de um primor digno da ABL (da atual, claro. Ouvi dizer que Machado de Assis já protocolou pedido para que Deus nunca mais o reencarnasse, tamanha a vergonha que sente dos pares).
Faz afirmações que não demonstra. Só isso já o tornaria indigno de pertencer à ABF, pois filósofos, salvo melhor juízo, pensam com demonstrações. É contraditório, pois hora diz que a presidenta “utilizou um jargão militar autoritário” e, no mesmo parágrafo, faz uso de expressão típica do jargão militar ao dizer que “Não é a primeira vez que ela ou seu mentor político Lula utilizam esse truque vulgar para acusar a oposição de estar trabalhando contra o país, confundindo propositalmente a facção que está no governo em termos provisórios com o Estado brasileiro.” (grifo meu)
Referir-se a uma coligação de partidos eleita democraticamente como “fação que está no governo” é o que, senão pensar como os militares pensavam em 64?
Aí temos outra contradição: afirma que Lula é o mentor político de Dilma. Adiante escreve “Diferentemente de Lula, pragmático e sem ideologias que se sentia muito bem como atração do Fórum Econômico Mundial…”. Como alguém “pragmático e sem ideologias” (anotem, Lula, agora, não tem ideologia) pode ser “mentor político”? Isso é uma asneira típica de guerra psicológica…
Vai mais longe na sua prova de que faz, sim, guerra psicológica, quando afirma que “Os fatos mostram que países emergentes crescem mais que nós, com menos inflação.”
Parece que o filósofo imortal não lê sequer o jornal que abriga seu blog. Somente a guerra psicológica pode explicar que um cidadão dotado dos predicados de ser um filósofo imortal faz uma afirmação leviana como essa, sem a mínima menção o que ele chama de “os fatos”.
Notícia do Globo, ainda em setembro, dá conta de que a Índia, um emergente como o Brasil, já em setembro elevava os juros e já apresentava uma inflação de 9,52%, quase o dobro da brasileira. Se olharmos os índices do BRIC (aqui poderão encontra todos) podemos ver que:
Brasil = 5,774% (nov/13)
Rússia = 6,487% (nov/13)
Índia = 11,06% (out/13)
China = 3,016% (nov/13)
Africa do Sul = 5,316% (nov/13)
Crescimento? Vejamos: para a Rússia, “Após a quarta revisão negativa da previsão de crescimento para 2013 até agora este ano, o Ministério agora prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 1,4%, ante uma previsão inicial de 3,6%. Para 2014, a projeção é crescimento de 2,5% e, para 2015, de 2,8%.” (daqui); para a Índia, “A taxa de crescimento anual da Índia diminuiu para o menor nível em 10 anos no último ano fiscal, encerrado em 31 de março, à medida que a inflação prolongada, o aumento dos déficits fiscal e em conta corrente, o crédito apertado e uma resposta política lenta para resolver esses problemas afetaram a confiança das empresas e sufocaram os investimentos.” (daqui) É só continuar pesquisando, que quem não quer fazer guerra psicológica encontra.
Outro dado de guerra: “Na campanha eleitoral talvez seja um recurso eficiente dizer que a inflação está dentro da meta, quando o objetivo deveria ser mantê-la no centro da meta de 4,5%, já excessivamente alta, mas não vai ser possível convencer o mercado financeiro de que esse ponto está sob controle.”
Qualquer um sabe, e principalmente o mercado financeiro, que quem estabelece esse tal de “centro da meta” é o próprio governo. Como o nome diz, é uma meta e não um foguete tripulado sendo lançado para Marte. A economia não é uma ciência exata que, se errarmos o alvo, todos morrerão Perdidos no Espaço. A inflação não depende só do governo, mas também do próprio mercado. E não apenas do mercado financeiro, como parece fazer crer o filósofo imortal. A confiança do mercado, por sinal, está muito mais nas ações que percebe estarem sendo tomadas pelo governo do que pelo “centro da meta”. Variações são possíveis e fazem parte da mecânica. E não está, como vimos, excessivamente alta.
Se “agarrar-se”, como argumento, ao centro da meta, não é guerra psicológica, então não sei de mais nada nesse mundo…
Ou o filósofo imortal é um mentecapto ou é um ignorante em Google ou, o que é certo, ESTÁ FAZENDO GUERRA PSICOLÓGICA, pois os fatos dizem exatamente o contrário do que ele afirma. Tomados em conjunto, os dados mostram, na realidade, que os países emergentes apresentaram uma comportamento econômico similar e não como ele tenta fazer parecer, ao não se dar “ao trabalho” de demonstrá-los.
Quem não quer fazer guerra psicológica não faz o que ele fez. Simples. Ao fim e ao cabo, está dando razão para a Dilma. Simples também!
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