Fortunati: de vinho a vinagre. Ou, de como um homem abandona seus princípios!
O jornalista André Machado publicou em seu blog (aqui) entrevista com o prefeito de Porto Alegre José Fortunati.
“Questionado sobre a possibilidade de implantar este benefício no transporte da capital, o prefeito José Fortunati foi rápido na resposta. “De forma alguma”, advertiu.”
Pouco adiante, uma pérola:
“Sobre negociações com o grupo, Fortunati disse que aceitaria receber uma pequena comissão. “Sabemos que se um grupo maior ingressar na Prefeitura eles não vão sair”, teme o prefeito. “Este grupo já mostrou que não quer o diálogo”, diz Fortunati ao lembrar de ataques ao secretário César Busatto. Fortunati diz que a invasão do plenário da Câmara Municipal é “incompatível com o Estado Democrático de Direito”“De forma alguma”.”
Em um passado não muito remoto, ela não era assim. Vejamos o que consta da sua história na Wikipédia:
“um dos fundadores da Associação de Moradores da Casa do Estudante da UFRGS. Foi presidente do Diretório Acadêmico dos Estudantes de Matemática e membro do DCE. Entre 1979 e 1982 participou do movimento popular nas vilas da Grande Cruzeiro do Sul, alfabetizando adultos pelo método Paulo Freire. Em 1980 filiou-se ao PT.
Funcionário concursado do Banco do Brasil, em 1985 assumiu a presidência do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre. Coordenou, ainda, a luta contra a liquidação do Banco Sulbrasileiro, que deu origem ao Banco Meridional. No mesmo ano ajudou a implantar a Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Rio Grande do Sul, tendo sido o seu primeiro presidente.
Em 1987, foi deputado estadual constituinte, sendo o parlamentar que mais apresentou e teve emendas aprovadas. Em 1990 assumiu como deputado federal em Brasília, sendo reeleito em 1994. Foi líder de bancada e considerado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) um dos parlamentares mais influentes do congresso, por três anos consecutivos. Em 1997 tornou-se vice-prefeito da capital e secretário de governo, coordenando o Fórum de Políticas Sociais da Prefeitura. Em 2000 foi eleito vereador, com 39.989 votos.” (aqui)
Quem diria que um vinho poderia se tornar um vinagre da forma como aconteceu. Releiam a história e me digam: um homem com essa história de vida na política pode ser o mesmo homem autoritário e arrogante que diz “De forma alguma” para as demandas que ele ajudou um dia a construir?
Para quem já foi presidente do Sindicato dos Bancários, presidente de diretório acadêmico, presidente de central de trabalhadores, coordenador do Fórum de Políticas Sociais da Prefeitura, postar-se dessa forma perante demandas, que praticamente são as mesmas desde aqueles tempos, é literalmente desprezar a própria honra política!
Dizer que quando donos resolvem “invadir” a sua própria casa (ou a Câmara não é a casa do povo?) isso é “incompatível com o Estado Democrático de Direito”?
Como é fácil mudar de vinho para vinagre, não é Fortunati? Dizer que um grupo maior vai também “invadir” a prefeitura e de lá não sair mais é, no mínimo, isso sim, algo incompatível com o Estado Democrático de Direito.
Os senhores mostram, prefeito e presidente da Câmara, a verdade do patrimonialismo com que partidos e políticos pensam a res publica. Salvaguardada a integridade da res, o povo, quando ocupa (veja bem, caro, é ocupar e não “invadir”. Sabes a diferença? Não? Te explico: quem invade, o faz para tirar o que é legitimo de outrem; quem ocupa, o faz não para tirar, mas por razões de ordem política, como forma de reivindicar direitos que estão sendo espoliados pelo poder), nada mais faz do que exercer o seu LEGÍTIMO direito de propriedade. O povo sim, vocês não!
Não te apossa daquilo que não é teu, Fortunati! Não queira seguir o péssimo exemplo do presidente da Câmara, que pediu reintegração de algo que nunca foi deles, os vereadores.
Trate-nos com humildade e com diálogo, e não com palavras autoritárias! Um prefeito não pode dizer ao povo, que o elegeu para cuidar dos seus desejos (os do povo, é bom deixar claro), “De forma alguma”, pois ainda somos vinho!
E lembre-se: vinagres jamais retornam a sua condição de vinho. O máximo que fazemos com ele é jogar no vaso. Da história!
https://www.escosteguy.net/fortunati-de-vinho-a-vinagre-ou-de-como-um-homem-abandona-seus-principios/E aí, PrefeitoFortunatiPorto AlegreO jornalista André Machado publicou em seu blog (aqui) entrevista com o prefeito de Porto Alegre José Fortunati. 'Questionado sobre a possibilidade de implantar este benefício no transporte da capital, o prefeito José Fortunati foi rápido na resposta. 'De forma alguma', advertiu.' Pouco adiante, uma pérola: 'Sobre negociações com o grupo, Fortunati disse...Luiz Afonso Alencastre Escosteguy [email protected]AdministratorEscosteguy