A afirmação poderá parecer, na rápida leitura que fazemos de títulos e manchetes de jornais, um tanto quanto exagerada.

Mas não é. Falhamos porque todas as gerações falham. A começar pela primeira geração, segundo o relato bíblico. Adão e Eva ao falharem deixaram claro que nosso destino é falhar, quando se trata de “deixar o mundo” para as próximas gerações. Receberam o Éden e deixaram para os filhos terem que habitarem a Terra nua e crua.

E de lá para cá, apesar de avanços que podemos chamar de “tecnológicos”, o resto foi ladeira abaixo.

Gregos, troianos, persas, romanos, mulçumanos, chineses, japoneses, povos medievais, vikings, portugueses, espanhóis, ingleses, franceses, holandeses, italianos, Hitler e outros tantos, Gingis Kan, Átila, sem esquecer dos atuais norte-americanos, russos, israelenses e semelhantes, povos e pessoas, ao longo da história da humanidade só fizeram destruir.

Sim, tivemos avanços na medicina, na ciência e na tecnologia. Mas são avanços que chamaria de externalidades dos seres humanos. Acontecem – e sempre acontecerão – pela simples existência da inteligência humana. Avanços são consequências e não causas.

Nos dois fatores mais importantes, no entanto, só pioramos. E por que é difícil ver isso? Porque somos, propositadamente conduzidos a esquecer que o mundo não gira apenas em torno do nosso umbigo. Traduzindo: se eu e meu pequeno entorno estamos bem, então tudo vai bem.

Mas o mundo é feito, hoje, de oito bilhões de pessoas. Pessoas que, em sua imensa maioria, mas imensa mesmo, vivem na pobreza ou na miséria extrema. Isso não conta, porque está longe, ou no máximo em bairros da minha cidade que não frequento.

A fome e falta de água matam mais pessoas que as guerras nos últimos 300 anos.  Quase 800 milhões de pessoas passam fome no mundo e algo em torno de 3,5 milhões por fala de água tratada e saneamento básico, segundo a ONU.

Somos uma humanidade de mata em nome de um suposto ser superior. Ainda hoje! Que discrimina e mata por diferenças de sexo, gênero, pele, etnia, religião e idade.

Somos uma humanidade em que 1% detém mais de 50% de toda a riqueza produzida pelo trabalho dos restantes 99%.

Somos uma humanidade que está destruindo a natureza porque esses 1% precisam ganhar, ganhar e ganhar cada vez mais, não importando o resto. Quem mais perdeu com as enchentes de setembro/2023 e maio/2024 no Rio Grande do Sul? Olhamos para o nosso umbigo e não vemos que a pobreza morre por causa do nosso fracasso  como geração. E por termos herdado o gene da destruição e nada fazermos para melhorar. Somos uma geração que faz exatamente aquilo que desde a mais longínqua geração tem sido feito: destruir.

Estamos involuindo em termos culturais e como sociedade. Os fundamentalismos, religiosos, políticos, ideológicos e sociais, estão tomando conta do mundo. E nada parece conter o avanço. Em muito começamos a nos parecer com a Idade Média.

Esse é o mundo que estamos deixando para nossos filhos, a próxima geração. O mundo que fingimos não ver que ajudamos a construir por continuarmos pensando que “não é bem assim, tem muita coisa boa acontecendo”: o mundo da destruição da natureza, da fome, das guerras, da pobreza de mais de 5 bilhões de seres humanos.

Quiçá ainda podemos pensar que talvez não tenhamos falhado. Que apenas não fomos capazes de sermos melhores humanos que nossos antepassados. Isso! Continuemos a nos enganar. Dia chegará que não estaremos mais aqui e nossos filhos e netos poderão dizer: que merda de mundo nos deixaram!

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