Discriminação
1976. Ainda em plena ditadura. Início das aulas no curso de Bacharelado em Física, UFRGS. Origem: Colégio Militar de Porto Alegre.
Rato. Assim eram chamadas as pessoas sobre as quais pesava e pecha de serem infiltrados nos movimentos de esquerda e estudantis, em uma clara associação com os “ratos de porão” do antigo DOPS. Agentes da repressão. Torturadores. Muitos famosos e lembrados até hoje.
Em uma inocente conversa com colegas, no início das aulas, comentei que havia estudado no Colégio Militar. Foi o que bastou.
Rato, disseram muitos. E pelos seis meses seguintes ninguém falou comigo. Fui literalmente isolado. Nos intervalos, o hábito era ir até o bar da Química, no prédio em frente (ou ao lado, como queiram). Muitos até saíam quando eu entrava. Não sem antes despejarem olhares discriminatórios e alguns impropérios, mesmo que sussurrados.
Como sou geminiano dos bons, não desisti de me aproximar. Apesar de sentir na pele a discriminação, em algum momento alguém acabaria percebendo que ter sido aluno do Colégio Militar não fazia de mim, a priori, um rato. E foi o que aconteceu. Passados seis meses, me enturmei. Até demais, em algumas situações.
A discriminação e o ódio que vivemos atualmente são antigos. E eram, na época, quase um privilégio das “esquerdas” contra a ditadura.
A discriminação fala muito mais de quem a pratica do que sobre quem sofre. Tem a ver com a intolerância, que suprime a capacidade de buscar o outro. Ou de, ao menos, possibilitar que o outro se mostre. É o preconceito.
Ter sido discriminado me fez ver, desde cedo, que discriminar pessoas talvez seja o pior dos comportamentos humanos, pois significa não ver no outro um humano como somos.
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