De regras e exceções

A primeira coisa que acontece é a regra temer virar exceção.

Uma das características mais marcantes do ser humano é sua necessidade de ser regra. Assim é com a maioria. Prevalece o sentimento de inclusão, de pertencimento. Queremos – e necessitamos – pertencer a grupos. De preferência, pertencer a grupos dominantes. A grupos que fazem as regras, mesmo que apenas como partícipes.

Estar e pertencer tem a ver com reconhecimento, uma falha do caráter humano nunca elevada a pecado capital, embora intimamente ligada ao orgulho, ou vaidade (talvez até sejam a mesma coisa e eu é que esteja inventando moda).

O reconhecimento, o pertencimento, o orgulho ou a vaidade nos tornam incapazes de ver que nem sempre ser exceção significa querer ser uma nova regra.

Quando vejo (ou leio) alguém falando em ditadura gay, ou ditadura LGBT, ou, ainda, falando em minorias tipo mulheres, índios, negros, prostitutas – e alguns, pasmem, em minoria hetero ou minoria branca – percebe-se o quanto não entenderam o que realmente está acontecendo.

Pensam que aquilo que consideram exceção está querendo se tornar a única regra, quando, na verdade, apenas querem ser parte da regra.

Nada mais que isso.

O erro não está nas pessoas, mas na regra que elas acreditam ser a única.

Há outra, no entanto. E que diz apenas que a antiga exceção não é mais uma exceção. Esse, para mim, é o significado de inclusão: o que antes era exceção, agora é tão regra quanto o que antes era a regra.

Não significa, como pensam, que incluir significa excluir.

Da regra ampliada com certeza surgirão novas exceções, mas ainda não sabemos quais sejam. E, em algum tempo no futuro, se tornarão regras. Assim se passa a história.

Houve tempo em que a regra era crucificar. houve tempo em que as galés foram regras. Houve tempo em que queimavam as bruxas…

Mas parece que não haverá tempo para que as exceções do século 21 acabem…