esquerda-direita

Ou seja, está sempre em cima do muro! Pendendo a se atirar, sempre, para o lado – seja qual for – que melhor atenda, no momento, aos seus anseios de manutenção do status quo.

De onde saiu isso? Da última pesquisa do Datafolha, realizada no dia 11. A notícia da FSP distorce os dados ao afirmar que “quase metade (49%) do eleitorado brasileiro é ideologicamente de direita.”

Observemos bem o gráfico publicado (figura acima):

 

Afirmar categoricamente que a soma dos de centro-direita mais os de direita, resulta em direita é, no mínimo, puxar a brasa para a sardinha do seu interesse. Por certo a FSP se utilizou das repostas a um conjunto de perguntas feitas aos eleitores, sobre tema “radicais”. Vejamos:

valores ideológicos

 

A FSP se utiliza da última afirmação para compor sua manchete. Mas vamos aos fatos. Se acreditar em Deus realmente torna as pessoas melhores,

1. por que o país mais cristão do mundo também é o país que mais mata pessoas no trânsito?

2. por que o país que é a sexta maior economia do mundo, também é o país que mais sonega impostos?

3. por que somos um dos mais desiguais países do mundo, no quesito aproveitamento da riqueza produzida?

Seriam inúmeras as perguntas a demonstrar que a crença em Deus não é um indicador válido para definir quem é de direita ou quem é de esquerda. Ok! Alguém poderá afirmar que essa é um opinião de um esquerdista. Só que não! As três colocações acima não são ilações, mas a triste realidade de um povo que diz acreditar em Deus e que isso os tornará melhor. Não passa de hipocrisia.

Somemos, agora, o número de perguntas que cada lado “ganhou”. Em cinco predominam “tendências” à esquerda e em cinco à direita.

Juntemos alhos com bugalhos: a soma de “centro-esquerda”, “centro” e “centro-direita” dá 86% do eleitorado. No quesito “tendências” temos empate. Isso só quer dizer uma coisa (e não é o que a FSP disse): a nossa classe média é ideologicamente indefinida.

As informações mais importantes não foram analisadas. No quesito “educação’, o eleitorado de nível superior se iguala entre centro-esquerda e centro-direita, ambos com 29%. Ou seja, quanto maior o nível de instrução, mas em cima do muro. A outra ponta só nos mostra aquilo que sempre soubemos: manter a população com baixo nível de instrução/educação sempre favoreceu a direita (42 contra 21).

Educação e renda, no modelo defendido pela direita, sempre andaram juntas. Quanto menor a renda, menor a educação e mais para centro-direita. Comparem com os dados da turma de centro-esquerda.

Some-se a tudo isso os “de centro” e teremos veremos que, muito antes de ser de direita ou de esquerda, nosso eleitorado, ou classe média, é absolutamente indefinido edeologicamente. Mas, nos cenários apontados, em todas as categorias a Dilma vence.

Existe uma interessante pesquisa que pode ajudar a compreender esse fenômeno de indefinição ideológica (é de 2001, mas válida ainda): “Eleitor brasileiro, uma análise do comportamento eleitoral“. No resumo, diz o autor:

“O objetivo principal desse trabalho é compreender como se processam as escolhas eleitorais, tendo em vista que a maioria do eleitorado brasileiro não acredita na política, mantém-se distante dos mecanismos de participação e vota na pessoa do candidato.

O pressuposto básico é de que as escolhas eleitorais da maior parte da população, em especial, as das camadas populares, são motivadas por uma cultura política cética e personalista, que tem sua origem e manutenção nos condicionantes históricos-estruturais da política brasileira.

As evidências indicam que a maior parte do eleitorado define o destino do voto de forma sensível e emocional, a partir dos atributos simbólicos dos candidatos e das imagens difusas das competições eleitorais. Nesse contexto, estabelece-se a lógica do comportamento da maioria dos eleitores brasileiros, que pode ser interpretado como emotivo, tendo em vista que as preferências eleitorais tendem a direcionar-se aos candidatos que são mais ‘conhecidos positivamente”, e que, ao mesmo tempo, desfrutam de uma avaliação positiva de confiança, afinidade e simpatia.

[…] O leitor brasileiro vota em quem ‘conhece’, porque ‘confia'”.

Traduzindo, dizer o que o eleitorado brasileiro (a classe média formadora da opinião pública publicada) é de direita é, no mínimo, pilantragem…

 

 

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoOu seja, está sempre em cima do muro! Pendendo a se atirar, sempre, para o lado - seja qual for - que melhor atenda, no momento, aos seus anseios de manutenção do status quo. De onde saiu isso? Da última pesquisa do Datafolha, realizada no dia 11. A notícia da...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!