A face nada oculta da nossa classe média! – parte V: uma sociedade de castas.
A face nada oculta da nossa classe média! – parte V: uma sociedade de castas.
Aviso: generalizações são utilizadas no texto. Quem julgar que não se enquadra, ótimo.
Escrever algo sobre o que disse a professora de Direito Internacional da USP, Maristela Basso, pode ser chover no molhado, diante da enxurrada de manifestações de indignação que correm pelas redes sociais e blogs.
Já foi acusada de xenófoba, racista, desconhecedora da realidade internacional, e de mais outros qualificativos existentes nos dicionários.
No fundo, essa professora não é nada disso. Ela apenas revela mais uma perversa face nada oculta da nossa classe média: o ódio que cultivam em relação aos pobres. Não somos uma sociedade de classes, mas uma sociedade de castas.
Recordo, ainda hoje, da primeira aula quando entrei na Faculdade de Direito da UFRGS. A sala era uma sala especial, a sala do Panteão. Paredes forradas de retratos antigos (um que outro mais recente). Após as boas vindas de praxe, disse-nos o professor: “Olhem para esses homens. Eles representam o que há de melhor no Brasil e honram o Direito e a Justiça. Orientem-se pelas suas vidas e ensinamentos. Sejam grandes como eles”.
A classe média foi feita para ser grande. Maior que a classe rica, pois, em suas cabeças, a única coisa que os ricos possuem é dinheiro. A classe média não, ela tem mais. Ela tem conhecimento, somente ela cabe o papel de educar, dando aulas em universidades e escolas. Ela é formadora de opinião. Ela consome e é consumista (lembremos que rico é rico porque sabe gastar o dinheiro, quando gasta!).
Para a classe média não existe pobreza, pois o único contato que têm com esse tipo de gente é através dos empregados domésticos, e esses, muito bem selecionados para que possam se parecer, ao menos um pouco, com seus patrões.
Não é por outra razão, que todas as manifestações contra ações de inclusão social, realizadas por governos, partem da classe média. Ricos não se preocupam com governos (à exceção daqueles que dependem muito da verba publicitária dos governos). Tocam seus negócios e pronto!
O que essa professora expressou foi nada mais, nada menos, do que a ojeriza que sentem por tudo quanto não seja ditado por eles. Uma verdadeira casta, aos moldes das castas indianas, para quem, o que está “por baixo”, não passa de um “dalit”. Impuros e intocáveis. Meros serviçais.
O que essa professora disse sobre a Bolívia é exatamente o que pensa a casta média brasileira: bolivianos são dalits.
Tanto quanto o são os pobres e miseráveis brasileiros.
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