Sebastião Melo e financiadores de campanha: isso explica tudo!
Por Luiz Afonso Alencastre Escosteguy
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, aposta todas as suas fichas políticas em um modelo de cidade que privilegia os grandes empreendimentos imobiliários e não tem poupado esforços para transformar parques e praças em grandes quintais desses empreendimentos. Quer transformar Porto Alegre em uma cidade “moderna”. Segundo ele, em recente entrevista ao Grupo Matinal, o problema da moradia o “mercado resolve”. Privatizações, concessões, alterações no Plano Diretor e concentração de empreendimentos de alto padrão nos bairros centrais. Além, claro, de uma miríade de ações demagógicas junto ao “povão”: beijos, abraços, visitas para fotografias, tudo para se fazer passar por um prefeito que pensa nas camadas mais necessitadas, moradoras das periferias para as quais nada é feito.
Mas tudo isso tem uma razão de ser: os financiadores da campanha para a prefeitura. A prestação de contras do então candidato, disponível no site do TSE (aqui uma cópia) mostra que 46% (quarenta e seis por cento) das doações foram realizadas por grande incoporadoras. Se considerarmos duas outras grandes contribuições “familiares”, a conta chega a 57%, descontados os valores doados pelos diretórios. A seguir, um detalhamento (que fiz a partir do relatório do TSE):
Não se aponta, aqui, nada contra as doações. São permitidas e legais no Brasil.
A questão é: quem vem primeiro, o ovo ou a galinha? Os finananciadores acreditam no governo Melo ou Melo faz governo para seus financiadores? Por todos os movimentos do prefeito, tem ficado muito cristalino que ele governa para seus financiadores.
É proibido? É errado? Não, claro. Democracia é um modelo que comporta essa situação.
O caso da Redenção parece ser paradigmático: incrustrada entre os bairros Cidade Baixa, Bonfim e Farroupilha, é alvo de projeto de concessão para a iniciativa privada. Pari passu, os bairros Cidade Baixa e Bonfim estão sendo alvos de grande projetos de gentrificação. A Redenção nada mais será que o quintal da nova classe abastada que dominará seu entorno. Logo, logo avançarão sobre o bairro Santana, assim como estão avançando para o 4º Distrito.
Sebastião Melo não governa para os portoalegrenses, governa para poucos. O que é preciso fazer é tirá-lo do governo – a ele e a seu mentor e vice Ricardo Gomes, grande maestro do atual modelo de entregar Porto Alegre. Melo, na verdade, parece não passar de mero títere da direita neoliberal.
O financiamento de campanha explica tudo!
(Atualização: Faltou colocar a contribuição do William Ling, no valor de R$40.000,00. Ling é dono da Terramar Investimentos, empresa de compra, venda e aluguel de imóveis. Mas não faz muita diferença no total…)
(Se quer utilizar, sem problemas, apenas tenha a dignidade de citar a autoria)
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