Sonegação, reforma tributária e a classe média burra
Todo dinheiro que pago de imposto é roubado (no sentido popular da palavra).
Logo, vou aproveitar tudo que puder, legalmente ou não, para não pagar imposto.
Isso tem lado.
E não é o lado dos trabalhadores, que têm o imposto descontado em folha (IR), sem a mínima possibilidade de sonegar (não, ao menos, atualmente, quando o estado investe pesadamente em controles informatizados para vigiar os trabalhadores).
Do outro lado, temos quatro classes:
– os que são nomeados como um dos poderes da República – e seus apêndices, que cotidianamente inventam formas de burlar o imposto, criando os já famosos “penduricalhos”: parcelas que recebem sem desconto de impostos, que eles mesmos classificam como sendo “indenizatórias”;
– corporações de ofício (médicos, advogados, pedreiros, psi’s…), que conseguem estabelecer preços pelos serviços conforme querem;
– os que vivem do narcotráfico, contrabando de armas, “lobbies” políticos, e outras formas criminosas;
– os que vivem das rendas do capital.
Essas quatro classes sonegam.
Ponto.
Tirando a terceira classe, bandida por natureza, todas as demais alegam que seu imposto é roubado e que por isso sonegam.
Há, no entanto, uma outra classe, na verdade uma subdivisão da classe dos trabalhadores, que sonha ou ser um poder ou pertencer a uma corporação de ofício ou virar bandido ou, ainda, cair no conto do “empreendedorismo” e viver de rendas.
É a classe média burra.
Burra porque ainda não descobriu que só existem duas formas de ficar rico: herdando ou sonegando.(ganhar na mega sena sozinho não faz de ninguém um rico)
E burra porque defendem um sistema que quer privilegiar as quatro classes de sonegadores, pensando que com isso tenham chances de serem “admitidos” em uma delas.
E gastam o latim contra um governo que – apesar de tudo – ainda é prioritariamente a favor dos trabalhadores e daqueles que sequer renda possuem. Que dirá terem algo para sonegar.
O que precisamos é de uma reforma tributária que faça incidir sobre os potenciais sonegadores (as quatro classes – bem, ao menos três) instrumentos que não lhes permitam sonegar.
Não por outra razão a CPMF é tão combatida. E deveria ser o único imposto existente, com alíquota de 50% (a logística de implantação fica a cargo dos gênios acadêmicos de economia).
Mexeu em dinheiro? Paga! Foi no super? Paga! Teve lucro? Paga! Tirou o salário do bano para usar em espécie? Paga! Comprou insumos para fabricar produtos? Paga! Prestou serviço? Paga!
O imposto único atinge as cinco classes indiscriminadamente.
Inclusive a classe média burra!
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