gilmar-615-copa-58

Como todo bom piá, jogava futebol. E tive uma “sorte” que muito pouca gente, hoje em dia, pode dizer de si: passei minha infância no auge do futebol brasileiro.

Copas de 58, 62, 66 e 70. Santos bi-campeão do mundo. Vi o auge de Pelé, Garrincha e de todos os grandes nomes do futebol. Vi Rivelino, Tostão, Jairzinho, a seleção de 70. Tempos da Canarinho, que tanto nos orgulhava. Vi o Grêmio ganhar 12 campeonatos em 13 que disputou entre 1956 e 1968. Sete seguidos, de 62 a 68, o que me fez, claro, um gremista.

Foi, também, o tempo dos maiores goleiros que o mundo já viu.

Vi, enfim, o que é FUTEBOL. Sim, com letras maiúsculas.

Pois foi nessa época da infância que descobri ter a habilidade de um dos maiores jogadores que já tivemos: Gilmar (Gylmar dos Santos Neves), goleiro nas copas de 58 e 62 e de todos os grandes times, incluindo o Santos.

Enquanto todos queriam ser pelés, garrinchas, brigando pelas posições de atacantes, eu jogava no gol. Não porque ninguém quisesse jogar no gol ou porque eu fosse um perna-de-pau como atacante (jogava na linha, mas realmente não era muito bom), mas porque era bom no gol, sem falsa modéstia. E tinha em Gilmar meu modelo.

Mas eis que de país do FUTEBOL nos tronamos em um país do crico do futebol. Futebol passou a ser, depois da copa de 70, um espetáculo que deveria render aos patrocinadores e à mídia. Virou NEGÓCIO. Virou venda de “craques” e transmissão de TV. Um circo para vender palhaços.

Conseguimos sobreviver, ganhando mais duas copas, não porque fossemos bons, mas porque os outros eram piores que nós. Apesar de Alemanha, Itália, Espanha e até a Argentina terem ganhado suas copas, ainda assim eram países de futebol historicamente inferior ao nosso.

Mas o negócio acabou com o futebol brasileiro. E o resultado de anos dessa visão acabou se consolidando na copa de 2014.

Ter levado uma goleada da Alemanha foi apenas a consequência da mediocridade em que nos transformamos.

2014 passará para a história (deveria passar, se queremos mudar) como o ano que vimos o quanto tiraram de nós o que sempre foi nosso: o FUTEBOL.

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoComo todo bom piá, jogava futebol. E tive uma 'sorte' que muito pouca gente, hoje em dia, pode dizer de si: passei minha infância no auge do futebol brasileiro. Copas de 58, 62, 66 e 70. Santos bi-campeão do mundo. Vi o auge de Pelé, Garrincha e de todos os...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!