Palavra do Dia: #60/2023 – Príncipe
LX – I – III EL
Sexagésimo Dia do Primeiro Ano da Terceira Era Lula
Príncipe. A Princesa Isabel deve estar revirando no túmulo.
Seu trineto, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, quer a volta do trabalho escravo, hoje eufemisticamente chamdo de “análogo à escravidão”.
Pois é dele um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que acaba com a Justiça do Trabalho e com o Ministério Público do Trabalho, incorporando-os à Justiça comum. Dentre outras mudanças propostas.
Já está a percorrer os corredores do Congresso angariando assinaturas. Até o início do mês já havia coletado 66 (aqui a relação). São necessárias 171 assinaturas para levar adiante o projeto.
Em meio a um aumento exorbitante dos casos de trabalhadores resgatados de trabalhos em condição “análoga à escravidão” no Rio Grande do Sul (e no país todo), oito deputados gaúchos (e não me admira quem) já assinaram: Afonso Hamm (PP), Bibo Nunes (PL), Giovani Cherini (PL), Marcel Van Hattem (Novo), Mauricio Marcon (Podemos), Pedro Westphalen (PP), Sanderson (PL) e Zucco (Republicanos).
Todos, sem exceção, bolsonaristas, dos quais se pode dizer que beiram a extrema direita, se é que não são.
Que a família imperial brasileira seja conservadora era o esperado. Mas daí a defender projetos de lei que abrem caminho para uma absoluta e total falta de proteção a todos os trabalhadores? Isso é ultrapassar todos os limites imagináveis para uma sociedade.
Mesmo conservadores nos costumes, D. Pedro II e a Princesa Isabel – ao menos que se saiba – tinham profunda preocupação social e se abolição da escravidão aconteceu da forma como aconteceu e até hoje tem suas consequências, o foi não por eles, mas pela classe dominante que, por fim, acabou proclamando a República e mantendo o status quo escravagista na sociedade brasileira.
Esse é racismo estrutural. Esse é o racismo que vê nos trabalhadores – em sua grande maiores negros – pessoas que podem ser colocadas, com a maior naturalidade, em trabalhos “análogos à escravidão”. E sem Justiça do Trabalho, sem Ministério Público do Trabalho para atrapalhar.
E só para constar: esse mesmo “príncipe” escondeu mais de R$7 milhões na declaração que fez ao TSE (aqui).
Quando será que esse tipo de gente vai desaparecer da vida pública?
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