Palavra do dia: #11/2023 – Normalização
XI – I – III EL
Décimo-primeiro Dia do Primeiro Ano da Terceira Era Lula
Normalização. Conceito que entrou no mundo com Michel Foucault. Com uma pequena diferença, aplicado ao Brasil, muito explica os últimos acontecimentos.
Há muitos e muitos anos somos literalmente adestrados a considerar a violência como algo normal. Diariamente tvs, jornais e mídias sociais despejam toneladas de notícias sobre acontecimentos violentos. E quase somente isso. Existem inúmeros programas especializados em violência. De todos os tipos.
Desde que a Rede Globo surgiu e criou a forma atual de fazer televisão, somos deliberadamente normalizados em tudo. Novelas sempre têm dois núcleos: os pobres e os ricos. Todas, sem exceção. Assim, normalizamos a ideia de que a sociedade é assim mesmo e que sempre será. Esquecemos da brutal concentração de renda e da exploração dos trabalhadores.
Normalizamos a meritocracia. Minorias buscam normalizarem-se para se verem respeitadas em seus direitos. Normalizamos um sistema de ensino que emburrece nossas crianças. E por aí vai…
Da mesma forma, formos adestrados a pensar que o comportamento de extrema direita – e até de alguma parte da direita – era “normal”. Bombardeados com notícias de que tudo era em prol do bem do cidadão, passamos a não reagir, abandonamos as ruas e aceitamos o bolsonarismo e o fascismo quase como algo normal. Nada que merecesse algo além de comentários ou algum posicionamento mais contundente, mas mesmo assim, apenas falatório.
Acordamos um pouco da anestesia causada pela normalização quando começamos a ver certos resultados: 700 mil brasileiros mortos pela Covid-19; milhões de desempregados; cada vez mais acéfalos portando armas; FFAA francamente apoiadoras de um golpe.
Mas o acordar foi suficiente apenas para eleger o Lula. Não foi suficente para vencer a normalização de que eram “cidadãos do bem” os derrotados.
Estávamos tão normalizados a ponto de não ver que reagiriam e continuarão a reagir. Brasília é apenas o começo.
A menos que nos desnormalizemos e passemos a enxergar que esse sistema que aí está precisa ser eliminado. E não será apenas colocando-os na cadeia (o que tem que ser feito, claro), mas silenciando-os, tirando deles e dos seus canais (jornais, tvs, redes sociais) a maior arma que possuem: a voz (falada ou escrita).
Caso contrário, voltarão!
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