O senso de responsabilidade. Ou a falta dele…
Kiko Spohr passou três horas jogando a culpa no mundo. Comprou um negócio que não sabia qual era; não sabia que deveria ter cuidado com a legislação; não sabia qual era a capacidade da boate que era dono…
Não sabia de nada. Apenas de uma coisa: que a culpa era dos outros. Dos que lhe venderam a boate, do sócio que só lhe pagava R$ 4.000,00 para cuidar de tudo. Mas, principalmente, sabia em quem jogar a culpa.
E joga no poder público. E como uma metralhadora, atira em todos: Ministério Público, Prefeitura, Bombeiros… Quem lê a entrevista termina com a plena certeza de que ele não tem culpa de nada. Tadinho, só queria um lugar para poder tocar e fazer a felicidade das pessoas. Emprestava a casa para festas de formatura, para clips promocionais… um anjo.
Um anjo que se defende dizendo que o poder público deveria dizer para ele o que era para ser feito. Uma vítima da sociedade e dos desmandos e incompetência do governo: “Se tinha coisas erradas lá, eles tinham que ter me orientado.”
No fundo, mas no fundo mesmo, o que o Kiko representa é a cara do que somos: irresponsáveis quando se trata de pesar o bolso contra a vida dos outros; irresponsáveis quando se trata de assumir a própria culpa diante de jogar a culpa nos outros. E todos somos assim nas pequenas coisas do dia a dia. Até que a nossa irresponsabilidade cause a morte.
Há momentos em que tenho uma imensa vontade de acreditar em Deus. E se acreditasse, diria:
– sequer pra ser Teu filho esse imprestável serve. E faz um favor, não manda ele pro inferno. Afinal, sequer o Diabo conseguiria ser tão… tão… isso. Dá um jeito dessa alma desaparecer de vez de todos os possíveis universos que tenhas criado. Hitler, o pior humano que já criaste para nos dar exemplos, assumia o que fazia. Esse daí nem isso é capaz de fazer… Se pretendes ter mais um crente, faça-o morrer queimado, em um incêndio no presídio onde vai ficar, esperamos, pelo resto da vida.
– E só mais um pequeno favorzinho, sem querer abusar da Vossa eterna paciência. Sei que é pedir demais para A divindade que tenha “requintes de crueldade”, mas poderias considerar a hipótese de que o guarda da cela tenha demorado a liberar a saída dele, semelhante ao que os guardas dele fizeram ao exigir comandas para que tentava desesperadamente sair da Kiss?
– Fico te devendo esse favorzinho… OK?
PS.: Dá pra dar um jeito de guardar os extintores embaixo do balcão do refeitório da cadeia? Cadeia com extintores na parede é feio, né?
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/pagina/entrevista-elissandro-spohr.html
https://www.escosteguy.net/o-senso-de-responsabilidade-ou-a-falta-dele/O ChatoKiko Spohr passou três horas jogando a culpa no mundo. Comprou um negócio que não sabia qual era; não sabia que deveria ter cuidado com a legislação; não sabia qual era a capacidade da boate que era dono... Não sabia de nada. Apenas de uma coisa: que a culpa era dos...Luiz Afonso Alencastre Escosteguy [email protected]AdministratorEscosteguy