Por que um movimento para combater o idadismo?
Prioridade absoluta. Essa é uma expressão ABSOLUTAmente desconhecida pelas autoridades municipais de Porto Alegre.
Na recente tragédia da enchente de maio de 2024, a prefeitura levou quase vinte dias para providenciar um abrigo exclusivo para as pessoas idosas. Questionadas, as autoridades disseram que para eles não havia prioridade, que estavam salvando todas as vidas.
Ótimo, podemos até concordar que salvar todas as vidas era importante. Só que o Estatuto da Pessoa Idosa – Lei 10.741/2003, com alterações da Lei 14.423/2022) estabelece, em seu artigo 3º que “É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar à pessoa idosa, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”. O negrito é meu.
Nosso Dicionário da Língua Portuguesa (DLP – ABL) possui diversas acepções para o adjetivo/substantivo absoluto:
– Cuja realidade, concreta ou abstrata, se conhece ou estabelece independentemente de qualquer relação ou comparação. ¦ Em contraste com relativo;
– Que se não restringe a nada; em que não há limite;
– Que existe ou se manifesta em toda a plenitude entre os demais da sua espécie ou natureza;
O Dicionário Online de Português apresenta outras:
– Sem restrição; completo, total;
– Que não permite limitações, restrições, reservas; inteiro ou incondicional;
– De teor ilimitado; soberano.
Dentre as inúmeras razões para combater o idadismo, só essa já bastava: o total descaso com que nossas autoridades públicas tratam a questão. Pior, assumem para si algo que não tiveram a iniciativa.
Para corroborar, a ATA Nº 13/2024 da Reunião Ordinária do COMUI, realizada em 20/05/2024, reproduz a fala da presidente da reunião, representante do Asilo Padre Cacique: “Eu sei que saiu na imprensa, quero deixar registrado e eu vou precisar registrar, que a Prefeitura de Porto Alegre disse que abriu um abrigo somente para pessoas idosas juntamente com a Fasc […]. Eu gosto muito da parceria entre a Fasc, mas não foi uma iniciativa da Prefeitura, tanto é que a gente todos os dias tem que conseguir voluntários para estar com estas pessoas aqui. Então, a Michele da Cruz Vermelha que assumiu a coordenação aqui, eu estou como voluntária do Conselho do Idoso. Fiquei triste de não aparecer o nome do nosso Conselho, porque a gente está trabalhando pra caramba aqui e nem sequer o nome do Conselho Estadual e nem do Municipal foram falados em nenhum momento. É o relato e o desabafo que faço com vocês. A gente teve muita dificuldade para alguém do governo assumir, porque nós não somos do governo, a gente é um órgão fiscalizador, articulador, nem podemos assumir. Nós tivemos esse contratempo porque o Estado não queria interferir em nenhum município”. (Ata completa aqui)
Nem município nem estado. Como diz a gíria, “jogam pra torcida”. Vergonha alheia? Não! De onde menos se espera é justamente de onde nada sai. Sequer sabem – ou fingem não saber – o que é prioridade absoluta.
Muita gente envolvida, mas separada. O Movimento Sociedade Sem Idadismo pretende unir. Unir forças daqueles que percebem que a depender dos poderes públicos nada de concreto teremos.
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