MORRO DA FOME DOS HOMENS
A fome que te incomoda
É a fome da indiferença,
É a fome da tua presença,
Em ti mesmo!
Teu olhar não se sustenta
Como a mão que me segura
Em meio a toda essa agrura,
Segues olhando a esmo!
Um minuto sequer aguentas!
Choras ao ver meu rosto,
Pois do meu corpo não terias gosto,
Como sequer da minha aparência.
Mas algo não me falta
Que em ti vejo que sim:
Não foi Deus que me fez assim,
Foi tua falta de consciência!
Não tens a dor da existência,
Mas não tens a alegria da piedade,
Da mão que estende a bondade.
Da mão que me dá alimento!
Pensas que és livre:
No fundo da tua solidão,
A mim pedes perdão
Para viver sem sofrimento!
Já não tenho da vida esperança.
E quem dera ao menos vida tivesse,
Embora em mim existisse,
Como em toda humanidade,
Ao nascer, o amor e a inocência!
Morro por tua culpa,
Mas que em ti se insculpa,
E nos homens, a solidariedade!
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