Meus 20 centavos sobre a polêmica da carta de demissão de Marta Suplicy
Pois é.
Leio daqui, leio dali e vejo meio mundo criticando o trecho em que a já ex-ministra da Cultura pede demissão. Vamos ao trecho:
“Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera.” (inteiro teor, via Viomundo)
Fernando Brito, do Tijolaço, por exemplo, chega a afirmar que “uma ministra de Governo pedir que se “resgate a credibilidade” do Governo que integra é, além de contraditório, estúpido e grosseiro.” (aqui)
No mesmo post do Viomundo, há um “PS” sugerindo segundas intenções na colocação de Marta. Paulo Nogueira (DCM) chama de “deselegantes críticas” o que Marta escreveu (aqui).
Não faço parte da parcela de experts em análise política e posso estar escrevendo uma grande bobagem, mas não consegui ver nada de mais na colocação da Marta que merecesse esse desabono todo. Antes pelo contrário.
É sabido, tanto pelos eleitores petistas quanto pelos aecistas, que o governo Dilma sofre, sim, de uma crise de confiança e de credibilidade.
Se não, como explicar a vitória apertada em níveis que nunca havia visto antes em quase 30 anos de participação em eleições?
Se não, como explicar a quase majoritária votação em Aécio Neves, que quase o levou à presidência?
Se não, como explicar que uma presidenta que tinha mais de 60% de aprovação no início do ano, chegou ao tempo das eleições com quase a metade disso?
Se não, como explicar um monte de outras situações pelas quais passa o governo?
Uma expressão que aprendi desde criança, e que encerrava uma grande lição, é que não devemos fazer como as avestruzes, que enfiam a cabeça na terra para não ver a realidade.
E parece que estou vendo muitas avestruzes no horizonte, nesse caso.
Desejar que a presidenta “esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país” nada mais é do que unir causa com consequência. Se isto fizer, aquilo acontecerá; se se comprometer, recuperará a confiança e a credibilidade.
Claro como água.
Sei que a política tem duas manhas e artimanhas. Mas, IMHO*, quem está dando um tiro no pé são os experts da esquerda, pois estão municiando a direita e a mídia oligárquica que poderão afirmar doravante:
“Viram? Até a esquerda está falando mal da Marta…”
* IMHO = In My Humble Opinion = Em Minha Humilde Opinião
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