Liberdade
Havia, antigamente, um ditado: a liberdade de um termina quando começa a liberdade de outro.
Esse ditado traduz um dos mais importantes conceitos: respeito.
Isso é válido para as relações entre os animais humanos, para as relações entre os animais não humanos, entre ambos e para as relações entre animais e a natureza restante, isto é, os reinos vegetal e mineral.
Os liberais, cuja palavra mote é justamente liberdade, propositadamente esquecem o ditado ao propagarem que a liberdade não tem limites. Vale lembrar que esse conceito é uma construção ocidental, fundado na ideia do “homem como centro do mundo” ou, no dizer de certas religiões, “do homem como obra de Deus”.
A Terra e tudo o que nela existe está ao dispor da liberdade. Como consequência, tentam naturalizar a falta de respeito entre tudo o que existe nesse único planetinha que ainda temos para viver. Relações humanas e sociais cada vez mais deterioradas; relação dos humanos com o restante da natureza cada vez mais destrutivas. O resultado se vê a olhos nus: conflitos, guerras, aquecimento global, pobreza extrema, gastamos mais com armas do que com a sobrevivência da humanidade.
Nas grandes cidades brasileiras – e em especial Porto Alegre – esse é o pensamento: nada pode interferir na liberdade de fazer o que os grandes conglomerados querem fazer. O poder político, movido por esse tipo de pensamento, facilita e até incentiva a construção de um modelo de cidade caracterizado pela falta de respeito para com a maioria da população.
Destroem parques, avançam sobre outros, agridem o patrimônio público, abatem enormes quantidades de árvores e permitem a construção de edificações que serão que somadas às já vazias mais de cem mil. Comportam-se como animais não humanos, que estabelecem limites territoriais que não podem ser invadidos por outros da mesma espécie ou como forma de se protegerem diante de espécies predatórias.
Usando de expressão chula, as classes abastadas de Porto Alegre, juntamente com parcela significativa do poder público político, está “mijando” ao redor da zona central “nobre” de Porto Alegre. Marca como território seu para que os “periféricos” só possam entrar para prestar serviços de vassalagem.
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