Joaquim Barbosa e Confúcio
Atribui-se a Confúcio o pensamento de que “não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador”.
O ministro presidente do STF anuncia a aposentadoria. Segundo boa parte da sociedade brasileira, uma erva má que afogou boas sementes; segundo outra parte, uma semente boa que afogou as ervas daninhas.
JB foi, na sua passagem pelo STF, apenas negligência da sociedade. Negligência de uma sociedade que se viu manipulada por uma mídia apenas interessada em aumentar a fortuna dos seus já bilionários donos.
JB e mídia se uniram para produzir notícias. Agora que ele não é mais capaz de produzir algo que venda, até a mídia o abandonou. Tendo prolongado artificialmente a pena de José Dirceu, nada mais poderia fazer que se transformasse em notícia vendável. Um caso que será contado como o Ostracismo do séc. XXI, nos livros de história do Brasil.
A mídia manipulou os defensores de JB e seus atos tanto quanto manipulou parte dos seus detratores, que se deixou envolver em uma luta que talvez não fosse a principal luta da sociedade. Perdemos um tempo precioso com a nossa negligência.
Esgotou-se a pólvora barbosiana. O barril secou. Esqueçamos o Barbosa. Precisamos de notícias novas e sempre frescas. Afinal, notícia é como pão: fica velho de um dia para o outro. Pior ainda com a notícia em tempos de redes sociais. Muitas já nascem velhas. É o caso das notícias dos atos de Barbosa, qualquer uma já nasce velha.
Barbosa foi produto da nossa negligência em não estabelecer os limites para os conglomerados midiáticos; em não cobrar mais fortemente do governo uma distribuição equânime dos recursos para propaganda; em não ter resolvido antes os sérios problemas de exclusão, pobreza, racismo e tantas outras situações que acabaram por transformá-lo no símbolo de um novo Brasil: um negro de origem pobre ocupando o cargo máximo de um poder da República.
É sabido que JB foi escolhido muito mais por ser negro do que por suas qualidades jurídicas. Eles as têm, mas outros também.
Barbosa, como ministro do STF, é o produto de uma sociedade negligente e complacente consigo mesma. E que adora colocar culpa. Confúcio também dizia que “o homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros”.
Assim somos: a culpa é sempre do outro. No caso, do Barbosa. Ainda não somos, infelizmente, uma sociedade de pessoas superiores, capazes de, ao reconhecer a negligência, culpar a si mesma e buscar aperfeiçoar-se. Centramos esforços no ataque ou na defesa de Joaquim. E perdemos um tempo enorme porque, ao que tudo indica, sequer a lição Barbosa aprendemos.
Barbosa foi um magistrado equilibrado em grande parte da sua vida jurídica. Um homem como qualquer outro. Mas foi, também, negligente com a sua própria história, ao se deixar envolver, no fim da carreira, pela mídia. Não soube ser lavrador de si mesmo.
De qualquer maneira, conseguiu, nesse pouco tempo, fazer um estrago que nenhum outro presidente na história do STF conseguiu fazer: instaurou a desconfiança na sociedade sobre a capacidade de isenção do STF quando questões de importância nacional estão em jogo. Principalmente as questões que envolvem a política, pois é sabido que buscou diferenciar iguais.
Pensando em uns, felizes, e em outros, tristes, lembrei do dito: não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe!
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