A Lei 14.423/2022 alterou o até então conhecido “Estatuto do Idoso” determinando a troca das expressões “idoso” e “idosos” por “pessoa idosa” e “pessoas idosas”. Não mais Estatuto do Idoso, mas Estatuto da Pessoa Idosa. O projeto de lei, de iniciativa do senador Paulo Paim (PT/RS), apresenta, em sua justificativa, que “o termo ‘pessoa’ também relembra a necessidade de combate à discriminação de gênero e à desumanização do envelhecimento”.

Idoso é expressão que nasceu com o estigma da idade. Completou 60 anos? É idoso. É velho. Senil. Imprestável para a sociedade. Um custo social. Um custo a ser quase que eliminado dos orçamentos governamentais. Segrega o que era para ser apenas mais uma etapa da vida, como se a vida, do nascimento à morte, não fosse um contínuo natural.

A expressão é limitante e excludente. Cria estereótipos (como pensamos) e preconceitos (como sentimos) baseados tão somente no critério idade. Não permite ver a integralidade do ser humano. Ao antepor a expressão “pessoa” ao termo idoso, passa-se a ter como foco não mais a idade, mas a pessoa humana em toda a sua completude. Idoso tem idade e apenas necessidades que precisam ser satisfeitas; pessoa tem dignidade, sentimentos e potencialidades.

Nossa sociedade resiste à mudança. Resiste a trocar não uma expressão, mas o estereótipo associado a palavra idoso. Mudar uma cultura leva tempo. Somos uma sociedade que envelhece. Previsões para o RS indicam que, em 2060 – logo ali – teremos, para cada 100 moradores com menos de15 anos, 207 habitantes com 65 anos ou mais.

A pergunta é: por que até os 60 anos somos pessoas e depois simplesmente passamos a ser idosos? Somos pessoas do nascimento à morte. Deveria ser simples assim!

É certo que essa etapa da vida merece cuidados especiais, principalmente de cuidados públicos quanto à saúde, segurança, combate à discriminação, etc. São muitas as pessoas idosas – maioria – em situação de vulnerabilidade que requerem atenção das famílias, das instituições e dos governos.

Mas mais que atenção, requerem poder exercer aquilo que são: pessoas. Pessoas idosas e não idosos ou idosas. Precisamos mudar. É a luta!

https://www.escosteguy.net/wp-content/uploads/2023/08/memoria.jpghttps://www.escosteguy.net/wp-content/uploads/2023/08/memoria-150x150.jpgLuiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoDiscriminação,Estatuto da Pessoa Idosa,Estereótipo,Idosa,idoso,Mudança,pessoa idosa,PreconceitoA Lei 14.423/2022 alterou o até então conhecido “Estatuto do Idoso” determinando a troca das expressões “idoso” e “idosos” por “pessoa idosa” e “pessoas idosas”. Não mais Estatuto do Idoso, mas Estatuto da Pessoa Idosa. O projeto de lei, de iniciativa do senador Paulo Paim (PT/RS), apresenta, em sua...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!