Estamos a ver o fim da democracia?
Não! Não se pode ver o fim de algo que sequer começou.
E, antes de mais nada, como dizia aquela velha personagem da Escolinha do Professor Raimundo, “não me venha com chorumelas!”
Democracia pressupõe algo fundamental e que nunca tivemos: cidadãos conscientes e plenamente informados. Aptos, portanto, a tomarem decisões que representem o melhor para a sociedade. E por “melhor para a sociedade” quero dizer para a maioria.
Sem informação não há consciência. Sem consciência não há cidadania.
Onde não há cidadania não pode haver democracia.
Somos – e seremos por muito tempo ainda – uma sociedade pobre. Pobre culturalmente, pobre economicamente, pobre intelectualmente, enfim, embora tenhamos uma economia entre as dez maiores do mundo, somos pobres em quase tudo o mais.
E somos pobres porque dominados pela falta de informação e pela falta de capacidade de transformar a história em conhecimento.
Democracia não se resume a poder votar, como vendem por aí os arautos da liberdade.
Não é lutando contra os parlamentos em suas bizarras decisões que teremos democracia no Brasil. É lutando contra a opressão da falta de informação, ou pior ainda, da informação criminosamente produzida para manter a maioria na mais absoluta ignorância.
Não é à toa que o curso das ações federais e estaduais (sempre do PMDB, coincidência?) atinge prioritariamente a produção de educação, de cultura, de pesquisa, de estatísticas e de conhecimento, únicos fatores capazes de formar pessoas com condições de afrontar o domínio dos muitos pelos poucos.
As forças dominantes, sabiamente, colocam a questão sob o foco econômico; fazem questão de colocar na pauta o tal de “Estado Mínimo”, discutem Petrobras e fundações.
Corrupção é o maior mal do Brasil, alardeiam as manchetes, como se a sonegação e as isenções não fossem cem vezes mais prejudiciais.
Mas, como diz o mote, “isso não vem ao caso”…
Somos pobres em tudo porque somos dominados em tudo.
Democracia não é poder votar; democracia é não ser dominado.
Não canso de lembrar do verso do Hino Riograndense, jogado por terra no Brasil e no Rio Grande do Sul:
“Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo!
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