marco civil

Que deputados – e até senadores – estejam contra a votação do Marco Civil da Internet é de se esperar. Afinal, eles representam setores “tão” da sociedade quanto nós, simples cidadãos que usam uma invenção que tomou as dimensões que tem porque simplesmente a usamos.

Há um princípio formativo do capitalismo que devemos recordar: existem tão somente três jogadores: o sistema de produção, o sistema de disponibilização e o sistema de consumo.

Tendo em vista esse princípio, na questão do marco civil existem dois pontos de análise: (1) o que de fato significa o marco civil e,  (2) o jogo de forças político.

Na primeira questão, temos claramente os três princípios do marco civil: liberdade, privacidade e neutralidade (LPN). Quem, em sendo cidadão, ousa discutir a garantia desses princípios sofre de alguma moléstia que o impede de usar as capacidades mentais.

Não vou entrar no mérito, mas aqui tem uma excelente explicação de tudo. Claro que para quem está desimbuído do item 2.

AH! Vale lembrar que no caso da internet, temos apenas dois jogadores: os produtores/consumidores, que somos todos nós e os disponibilizadores. Só para comparar, no caso da televisão temos o princípio formativo na sua plenitude: as redes de televisão são os sistema de produção; o Estado, via concessão, é o sistema de disponibilização (há um componente complexo, também: a produção e disponibilização de aparelhos receptores de sinal) e nós somos os consumidores.

A questão de fundo, no entanto, se resume ao poder exercido pelo sistema de disponibilização: as teles.

E é aí que estamos vendo um dos maiores casos de junção da fome com a vontade de comer. E que nada tem a ver com o que significa o marco civil.

Sabedoras de que perderão a possibilidade de estabelecer diferenciação por categorias de consumidores (a neutralidade ataca justamente esse ponto), buscaram se aliar a quem estava com fome de poder: o deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ). Desde há tempos é sabido que esse deputado defende as teles.

Para ganhar força para seu projeto político, aproveita-se do momento pré-eleitoral para, usando o marco civil, forçar o governo em questões partidárias e de apoio à candidatura da presidenta. Smj, não até agora algum argumento que seja, desse deputado, apontando que o projeto não é bom. A não ser, claro, o fato de contrariar os interesses das teles que ele defende.

Que ele defenda o interesse das teles é legítimo, mas que tumultue o processo político beira a cafajestada.

Mas pior que ele são as pessoas “comuns”, gente que usa a internet, sendo contra o projeto.

Fica difícil de entender que alguém possa ser contra a liberdade e a privacidade na rede. Mas muito mais difícil é entender como alguém deseja ser cobrado de forma diferenciada conforme o uso que faz.

Tem quem não se dê conta, mas aprovado o projeto como querem as teles, logo passarão a cobrar, por exemplo, tarifa diferenciada para quem usa o Facebook, ou o Twitter, ou mesmo quem tem um blog.

E ESSA SERÁ A VERDADEIRA CENSURA, A CENSURA ECONÔMICA!!!

E tem quem não se dê conta ou, o que é bem pior, apenas embarcou na onda política…

Esses querem a IGNORÂNCIA CIVIL DA INTERNET.

Vão vendo, vão vendo…

P.S.: aos que alegam que o governo poderá regulamentar algumas situações, se entender necessário, lembro que o governo somos nós. Se hoje é o PT, ontem foi o PSDB e amanhã poderá ser a monarquia. Mas o que não podemos mais aceitar é viver sob o Império das Teles e dos seus vassalos no Congresso!

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoQue deputados - e até senadores - estejam contra a votação do Marco Civil da Internet é de se esperar. Afinal, eles representam setores 'tão' da sociedade quanto nós, simples cidadãos que usam uma invenção que tomou as dimensões que tem porque simplesmente a usamos. Há um princípio formativo do...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!