A difícil escolha: temos critérios?
Em um país presidencialista, a hipertrofia do Poder Executivo torna o ato de escolher o presidente, o governador ou o prefeito uma tarefa fácil. Afinal, tudo gira em torno deles. Há uma extrema pessoalização. A ponto de a maioria escolher votar na pessoa e não em ideologias, programas partidários ou programas/projetos de governo. Ou, então, escolhe tão somente em quem não irá votar (o mesmo vale para o cargo de senador). Daí a razão da avaliação e divulgação, nas pesquisas, dos índices de rejeição.
Tão importante quanto avaliar a intenção de voto, é avaliar a rejeição de cada candidato. Mesmo sabendo que essa é a pior forma de exercer a cidadania política, nada – ou pouco – fazemos para valorizar o poder que deveria ser o mais importante: o Legislativo.
Vai daí que escolher candidatos para a Câmara Federal, para as Assembleias Estaduais ou para as Câmaras Municipais sobra ser a tarefa mais difícil. E não por outra razão, é onde acontecem os piores desvios de conduta, desde os tidos como pequenos, como não comparecer ao trabalho alegando necessidade de “estar com a base”, até os grandes, que nos acostumamos a chamar de corrupção.
Diante de tamanha confusão de coligações e da profusão de candidatos apresentados pelos partidos (com a intenção de ganhar o máximo possível dos votos para garantir cadeiras), acabamos transferindo para o Legislativo o mesmo critério de escolha: a pessoalização.
O que acontece? Ajudamos a manter a situação como ela está. Mais, quanto mais tempo passa sem mudarmos o sistema, mais contribuímos para que ela piore, pois acabamos quase que fazendo uma aposta no escuro.
Não podemos ignorar que políticos “pegos” em desvios de conduta, são políticos que foram votados por muita gente. Por gente que acreditava neles e só podia ter acreditado porque seu único critério é a pessoalização.
Vivemos em um círculo vicioso do qual só sairemos se a reforma política tratar de mudar o sistema presidencialista para o sistema parlamentarista.
O parlamentarismo é mal visto no Brasil em face da experiência que tivemos no início da década de 60. E perdeu em 93 exatamente pela imagem que transmitiam dele, que era, em certa medida, real, pois o parlamentarismo foi uma imposição e não uma escolha.
O parlamentarismo não é uma solução mágica, não irá resolver imediatamente os problemas, pois o que precisamos é mudar a cultura política e isso leva tempo.
Precisamos de uma cultura que valorize o Poder Legislativo, que é quem determina os limites de atuação do Poder Executivo (no caso, do Primeiro Ministro); é quem realmente fiscaliza a atuação executiva e diz, por representação do povo, quem deve ou não deve ser o executor das políticas públicas defendidas pelos partidos.
Enfim, a continuar assim, fica difícil escolher um deputado federal e um estadual…
https://www.escosteguy.net/a-dificil-escolha-temos-criterios/O ChatoEm um país presidencialista, a hipertrofia do Poder Executivo torna o ato de escolher o presidente, o governador ou o prefeito uma tarefa fácil. Afinal, tudo gira em torno deles. Há uma extrema pessoalização. A ponto de a maioria escolher votar na pessoa e não em ideologias, programas partidários...Luiz Afonso Alencastre Escosteguy [email protected]AdministratorEscosteguy