A cidade como local do exercício pleno da dignidade humana – meio ambiente
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Por uma Câmara de Vereadores digna
A gentrificação do pensar: a quem cabe pensar a cidade?
Afinal, o que é “pensar a cidade”?
A cidade como local do exercício pleno da dignidade humana – alimentação
No post anterior comentei sobre o pilar que considero o mais importante quando tratamos de dignidade humana: alimentação.
O segundo pilar é o meio ambiente, aqui entendido de forma ampla, que inclui, além da natureza, a moradia digna.
Por moradia digna devemos entender, além de “casas”, todo o contexto envolvido: fornecimento de energia elétrica, de água potável, saneamento, recolhimento do lixo, limpeza de ruas, existências de áreas verdes e arborização nas ruas, ruas calçadas ou asfaltadas, comércio acessível, escolas, postos de saúde com plenas condições de atendimento,
As imagens a seguir mostram a diferença entre ter a dignidade humana como prioridade ou não:
A comparação populacional entre os bairros é gritante:
Restinga + Bom Jesus + Mario Quintana = 106.055 moradores
Moinhos de Vento + Jardim Europa = 9.563 moradores
E a cidade é vendida para 9.563 moradores em detrimento de 106.055.
Um absurdo total. E são apenas alguns exemplos.
O Objetivo 11 – Cidades e comunidades sustentáveis – dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ONU), salienta, dentre vários:
11.1 Até 2030, garantir o acesso de todos à habitação segura, adequada e a preço acessível, e aos serviços básicos e urbanizar as favelas
11.3 Até 2030, aumentar a urbanização inclusiva e sustentável, e as capacidades para o planejamento e gestão de assentamentos humanos participativos, integrados e sustentáveis
11.4 Fortalecer esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural
11.6 Até 2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, inclusive prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos municipais e outros
11.7 Até 2030, proporcionar o acesso universal a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis e verdes, particularmente para as mulheres e crianças, pessoas idosas e pessoas com deficiência
O Objetivo 6 – Água potável e saneamento – ressalta, dentre vários:
6.1 Até 2030, alcançar o acesso universal e equitativo a água potável e segura para todos
6.2 Até 2030, alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos, e acabar com a defecação a céu aberto, com especial atenção para as necessidades das mulheres e meninas e daqueles em situação de vulnerabilidade
6.3 Até 2030, melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo à metade a proporção de águas residuais não tratadas e aumentando substancialmente a reciclagem e reutilização segura globalmente
Porto Alegre é uma cidade de políticos (em sua imensa maioria) preocupados tão somente com vender a cidade para o oligopólio da construção civil (todos os ramos atuantes) que atende exclusivamente as classes abastadas ou para investimentos ou para a indústria do turismo (todos os ramos, incluindo gastronomia).
Pensar a cidade como local do exercício pleno da dignidade humana importa em mudar o foco da atuação da prefeitura e dos vereadores que fazem leis ou aprovam tudo o que o prefeito propõe.
Há um muro invisível, em Porto Alegre, que separa as poucas zonas tidas como nobres da imensa pobreza periférica. E há praticamente 20 anos assistimos governos nada fazerem. Para eles, dignidade humana é roda-gigante, é complexo gastronômico em pleno parque tombado, é derrubar árvores, é permitir a construção de mais e mais edifícios (quanto mais altos melhor) nas zonas centrais, é vender o cais do porto, é fazer loteamento de alto nível em zona praticamente rural (Arado). A lista é grande.
Pensar a cidade é pensar na imensa população que sofre com um ambiente precário, quase insalubre, sem as mínimas condições para que se tenha uma vida digna.
Seguimos…
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