Tradicionalismo X Ambientalismo?
A hipocrisia que impera tanto na prefeitura quanto na mídia que vive das verbas oficiais é imensa!
A mídia dá voz aos tradicionalistas – entenda-se piqueteiros do Acampamento Farroupilha – como se os ambientalistas – entenda-se um conjunto de mais de 40 movimentos e coletivos que agregam alguns milhares de porto-alegrenses – e divulga como se houvesse uma guerra entre os grupos.
Até o ano passado, 2022, eu fazia parte da patronagem de um piquete. Participamos do Acampamento Farroupilha há 24 anos. Já foi possível notar a grande diferença que é fazer um acampamento sob o comando de uma empresa. A começar pela tentativa de impor fornecedor único de bebidas e, claro, era o que eles queriam. Ao menos conseguimos que fosse um fornecedor escolhido pelos piquetes.
Nosso piquete foi deslocado para dar lugar a um “patrocinador”. Se antes ficávamos bem de frente para a “avenida”, passamos a ficar escondidos. Era pegar ao largar. Em 2022 a GAM3 Parks fez um “balão de ensaio” para que em 2023 possa impor “o que quiser”. E já está fazendo isso. E os tradicionalistas estão aceitando tudo quietinhos.
O que vai “estragar” o Acampamento Farroupilha não serão os ambientalistas, mas a própria GAM3. A empresa não está destruindo o Harmonia para preparar o terreno para o Acampamento. Está destruindo para colocar o seu projeto em cima: basta olhar a imagem para ver que o Acampamento Farroupilha não terá mais vez depois de 2023:
Não são os ambientalistas que estão contra os tradicionalistas: é a própria prefeitura e sua concessionária GAM3. Mas agora reclamam dos ambientalistas. Esse ano estou do lado de cá do balcão. Mas nem por isso sou contra o Acampamento ou faria qualquer coisa para impedir que ele aconteça. Eu e todos os milhares de participantes de coletivos que, antes de serem ambientalistas, são algo que nosso prefeito não é: porto-alegrense.
Somos, antes de tudo defensores de uma Porto Alegre saudável e que possa ser vivenciada sem precisar pagar por isso. Somos contra um prefeito que insiste em não querer fazer o seu trabalho: administrar a cidade, preferindo entregar para a iniciativa privada os cuidados com os parques.
E por que ele faz isso? Porque na lógica que tenta impor ao Plano Diretor de “adensamento” do Centro Histórico, vai precisar de parques “modernos”, parques que ofereçam não natureza, mas serviços para os “consumidores adensados”. A venda dos parque é somente isso: transformá-los em quintais de luxo
Escrevam o que se diz e se repete: em 2023 não teremos Acampamento Farroupilha no Parque Harmonia. E não será por causa dos ambientalistas.
E também não teremos mais pássaros e as mais de 70 espécies de animais que faziam do parque a sua morada. Ah! E não vamos esquecer das árvores. Ainda bem que existem fotografias de como o parque era.
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