XVI – I – III EL

XVI – Décimo Sexto Dia do Primeiro Ano da Terceira Era Lula

Desleixo. Falta de esforço, de ânimo, de atividade. Falta de cuidado, de atenção, de apuro.

O desleixo com que as municipalidades de Porto Alegre, de quaisquer partidos políticos, tratam a história de Porto Alegre e de seus bens é algo que pode ser classificado como inaceitável.

Tenho, nesse último ano, visitado e fotografado dezenas e dezenas de prédios históricos (os que sobreviveram à sanha imobiliária), parques e praças, locais de acontecimentos históricos (como eram e como estão hoje), monumentos, ruas – com seus nomes antigos pitorescos e, diga-se de passagem, muito mais bonitos que os atuais – igrejas, praias, bairros, enfim, Porto Alegre. E ainda falta muita coisa.

Em nenhum, mas em nenhum mesmo, encontramos uma placa sequer com uma breve descrição que seja, do que representa ou do que havia ali antes.

É a história da cidade jogada no lixo.

Turistas e porto-alegrenses cruzam cotidianamente por esses locais e não fazem a mínima ideia do que representaram para a cidade. Não é de admirar que cuidem tão mal. Porto Alegre é uma cidade suja exatamente porque seus moradores não conhecem a sua história.

E a municipalidade comemora 250 anos com festas, fogos de artifício, feiras “modernas”, shows, mas e comemorar a história no dia a dia onde fica?

Ah! Mas isso é bobagem! As pessoas estão mais preocupadas em sobreviver do que conhecer o brasão da cidade e saber quais e o porquê de cada símbolo estar nele. Não muda a vida de ninguém saber que Porto Alegre é a “Leal e Valerosa Cidade de Porto Alegre”. Dane-se!

Inadmissível que até hoje não tenha aparecido um secretário de cultura para propor um projeto – em parceira com a iniciativa privada, que seja – para colocar placas em cada local, com um mínimo da história e fotografias da época.

Agora, colocar monstruosidades como as que estão colocando junto às paradas de ônibus – muitas efetivamente atrapalhando o andar dos pedestres e, principalmente, das pessoas com deficiência – em troca de propaganda a ser explorada pela empresa, pra isso não falta gente na prefeitura.

Resolvi fazer esse meu “Conhecendo Porto Alegre”, quando constatei o lixo que havia virado a cidade. E pensei: não pode ser, algo deve ter de bonito, de importante; algo que devolva o amor pela cidade que havia perdido.

Precisamos andar pela cidade sabendo que estamos pisando em locais históricos, em locais, quiçá, onde muita gente morreu para defendê-la. Em locais onde decisões passadas determinaram como vivemos hoje a cidade.

A história está nos livros e está na internet, mas não está onde deveria estar: nos locais onde aconteceu.

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