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Trecho retirado de “O Livro das Confissões”, publicado em 1598, atribuído a um tal de  Alphonsus, cujos originais, em pergaminho, remontam aos tempos do cristianismo primitivo.

O texto refere-se à Confissão XXXVII, onde Alphonsus declina de sua crença na cristandade.

Observação do editor: pequenas adaptações linguísticas e gramaticais foram realizadas para facilitar a leitura, procurando manter, sempre que possível, o estilo da época.

Encontrava-me eu a andar pelas ruas de Roma, a bela e pomposa senhora dos deuses, encantado que estava com a novidade dos ensinamentos daquele a quem chamavam de o salvador.

Nessas andanças de mundo já vi muito salvadores. Há-os no oriente em tanto número quanto os há até onde o ocidente alcança. Vi-os, a muitos e a todos, pregarem palavras de nova ordem para a vida. Mas em todos vi a mesma fraqueza: suas palavras em nada mudaram o mundo e em nada trouxeram nova ordem.

E entendo hoje a simples razão: todos creem neles a mudança. Poucos os que verdadeiramente em si mudam. Os que dispõem em si a nova ordem. E assim como todos, fora os quase poucos, vejo que outros poucos seguidores do novo mestre, o declarado messias, aproveitaram-se para impor ordem aos demais.

E assim tem-se dado o mundo até agora, de tal sorte que, não sendo eu dessas terras, não haverei de mais segui-los. Não com certa medida de pesar, pois que os ensinamentos equiparam-se, em tudo, ao tudo que vi de bom nessas andanças de mundo.

É o que sucede aos salvadores. Nada mais criam que legião de perdidos.

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoTrecho retirado de “O Livro das Confissões”, publicado em 1598, atribuído a um tal de  Alphonsus, cujos originais, em pergaminho, remontam aos tempos do cristianismo primitivo. O texto refere-se à Confissão XXXVII, onde Alphonsus declina de sua crença na cristandade. Observação do editor: pequenas adaptações linguísticas e gramaticais foram realizadas para...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!