Aecio-Neves

A. Razões econômicas:

01. Aécio Neves e seu partido, o PSDB, representam um segmento da sociedade que defende o neoliberalismo em sua versão mais aguda e nesse modelo, sabemos, tudo é feito pelo mais forte para o mais forte economicamente;

02. A luta entre capital e trabalho segue de vento em popa. O capital não é algo intrinsecamente ruim. Claro que existem economias que prescindem de capital para funcionar, mas dado que é esse o modelo da humanidade e até que possamos aboli-lo, a questão importante é a relação/proporção entre capital e trabalho.

O tema é velho e batido. O fato é que o modelo defendido pelo candidato Aécio Neves é fundamentalmente defensor do capital. Mas não de qualquer capital, apenas do capital que existe para gerar e acumular mais capital a custa da exploração do trabalhador.

Não se vislumbra, na ideologia do candidato e de quem o segue e banca, um mínimo de propostas visando a uma repartição menos prejudicial ao trabalhador.

Pelo contrário, como temos visto pelas propostas anunciadas…

É o modelo do candidato Aécio Neves.

É um modelo que não me serve.

03. Reformas política e tributária. Definitivamente não fazem parte do programa do candidato Aécio Neves. E se fazem, é para piorar o que já é ruim. O PSDB, partido do candidato, tornou-se um dos partidos mais fisiologistas que temos. Logo, a ele e aos seus não interessa uma reforma política que impeça, por exemplo, o financiamento de campanhas feito pelos grandes grupo corporativos.

Apenas esse item já me bastaria para não querer o candidato Aécio Neves – ou o seu partido novamente – no governo.

O financiamento das campanhas políticas é o “câncer dos cânceres” do Brasil. É o mesmo câncer que alimenta a falta de vontade de fazer uma reforma tributária séria, que vá além da batida questão federativa e incida, por exemplo, sobre grandes fortunas e sobre os grandes lucros enviados ao exterior.

E uma reforma tributária que permita desenvolver mecanismos prévios que evitem, na origem, outro dos grandes males do Brasil, senão o segundo maior mal: a sonegação.

A mídia corporativa, aliada do candidato Aécio Neves e dos seus, apregoa a corrupção como o maior mal que temos.

Não é e nunca foi. É o círculo vicioso que se auto alimenta: o governo taxa o consumo; as empresas reclamam do governo, mas faturam o suficiente para sonegar e ainda para alimentar suas campanhas publicitárias e, com isso, pagar fortunas pelo espaço na mídia corporativa. E as empresas vendem e reclamam do governo que taxa… e a mídia corporativa faz notícia contra o governo… ad infinitum numa hipocrisia de dar dó…

E o trabalhador paga a conta. Mas na hora de apontar soluções, de quem é, na visão do sistema, a culpa?

Da previdência, claro! Então vamos propor a reforma da previdência, que é do trabalhador. Na visão do candidato Aécio Neves, e dos seus, a culpa de tudo é da previdência. A culpa é do trabalhador que contribuiu a vida inteira e agora, tornado um diabo aposentado, só pensa em mamar nas tetas do governo.

Na visão dessa gente, trabalhador só poderia parar de render lucros para eles depois de morto. Afinal, capitalistas não se aposentam, vivem de gerir o patrimônio amealhado com a exploração dos trabalhadores ou originado das aplicações no “mercado”… Enfim, eles merecem….

É o modelo do candidato Aécio Neves.

É um modelo que não me serve.

04. Aécio Neves é apoiado pela mídia corporativa. Significa dizer, pela mídia sustentada pela parcela economicamente poderosa, incluído aí, o governo. Isso nos torna reféns de uma propaganda mentirosa e elimina a possibilidade de um consumo consciente, pois somente quem tem poder econômico pode anunciar nos veículos da mídia oligárquica.

Quem são os grandes anunciantes? As indústrias multinacionais – automóveis, bebidas e refrigerantes, farmacêutica, brinquedos… – grandes redes de supermercados – bancados pelas grandes empresas do agronegócio -, grandes redes varejistas – com poucas exceções, a maioria já de capital internacional – e, claro, os governos.

É o círculo vicioso que se auto alimenta: a mídia oligárquica cobra fortunas pelo espaço, as grandes empresas pagam fortunas pelo espaço e a grande massa de pobres, que pode bancar um pouco cada um,  paga a brincadeira toda.

Essa é uma das cláusulas de barreira mais eficazes contra os pequenos e a que mais proporciona a manutenção do modelo neoliberal de economia. A riqueza circula entre os mesmos. E para que essa riqueza circule sempre entre os mesmos, quem paga a conta é uma questão de escala: um pobre não pode pagar, mas milhões de pobres pagam.

É o modelo do candidato Aécio Neves.

É um modelo que não me serve.

B. Razões administrativas

05. Choque de gestão. Tenho, já, trinta e cinco anos de vida remunerada como profissional, dezoito deles como administrador nos entes públicos.

Uma das maiores palhaçadas, senão a maior,  que vi nessa vida toda é o tal de “choque de gestão”.

Como profissional, simplesmente desconsidero qualquer um que venha me falar que fez ou pretende fazer um “choque de gestão”.

Sem comentários.

É o modelo do candidato Aécio Neves.

É um modelo que não me serve.

06. Quase que um corolário do “choque de gestão”, o tal de “Estado Minimo” é o lema fundamental dessa gente. Chega a ser primária a argumentação favorável a ele, pois se bem recordarmos, o Estado nasceu exatamente para proteger as classes mais abastadas da sanha da realeza. Queriam apenas trocar seis por meia dúzia.

“Mas não contavam com minha astúcia”, diriam os “chapolins colorados” do século XIX. O Estado fugiu ao controle da burguesia e tornou-se social. Começou a regular a existência privada. Pior, passou a regular as relações entre expropriadores e expropriados.

E ninguém gosta de perder posses ou de poder determinar como, quando e de quem expropriar, né? A moderna globalização tratou logo de atualizar a globalização do século das descobertas. Se antes a globalização foi utilizada contra a realeza, hoje é utilizada contra a maioria expropriada.

E vamos vender o patrimônio da maioria.

É o modelo do candidato Aécio Neves.

É um modelo que não me serve.

C. Razões sociais

07. Cresci, até o início da fase adulta, em meio a uma ditadura. Metade da vida adulta (até 2003), vivi em meio a uma auto denominada “social democracia”.

Vivi até os 28 anos sem saber o que era democracia. Depois vivi até os 45 anos sem saber o que era o social. Metade da minha vida, se tiver saúde para chegar aos 90 anos.

Tempo suficiente para reconhecer o rótulo da fajutice defendida pelo candidato Aécio Neves e os seus: social democracia.

Não pretendo esquecer o significado da palavra social quando aplicado na prática. Mas é o que eles querem que esqueçamos.

É o modelo do candidato Aécio Neves.

É um modelo que não me serve.

08. A mídia corporativa vende o que quer. Fato. E vende que consciência da dignidade é rolezinho em shoppings ou pobre andando de avião. Ironiza, quando não sataniza, a ascensão de uma quantidade enorme de pessoas a um patamar que julgavam desnecessário. Ao patamar de cidadãos que exigem seus direitos sociais. Afinal, a condição de excluídos é parte necessária da existência para a doutrina  neoliberal. A mídia corporativa, e seus aliados políticos, estereotipa, de forma proposital, para tentar esvaziar o sentido da dignidade que muita gente passou a ter.

Para o candidato Aécio Neves, essas pessoas não têm valor algum. É o seu modelo.

É um modelo que não me serve.

09. Programas sociais são, por definição, anti corporativistas. E tudo que não seja esmola corporativista é, também por definição, assistencialista.

A contrariedade com os programa sociais em desenvolvimento no Brasil – e mais recentemente a hipocrisia de dizer que “defende, mas vai mudar” – é o fecho de uma forma de ver nossa sociedade.

É a abóbada que fecha a catedral neoliberal.

É o modelo do candidato Aécio Neves.

É um modelo que não me serve.

D. Razões pessoais

10. Não se trata de ser ou não verdadeiro tudo o quanto é afirmado sobre Aécio Neves como pessoa. Trata-se de uma questão bem mais prosaica: o conceito de idoneidade moral pressupõe que sobre a pessoa que a possui jamais se avente sequer fofocas. Do cidadão moralmente idôneo mesmo os mais ferrenhos inimigos políticos encontram razões para “criar” fatos ou histórias.

Não me serve. De outros candidatos à presidência sequer há o que falar. Apresentam uma vida pública e pessoal das quais até agora não se levantou um cisco sequer. Ora, se tenho um candidato sobre o qual tudo se conta ou inventa e outros sobre os quais nada a para falar, prefiro qualquer um desses outros, menos Aécio Neves.

É uma questão de coerência e representação: escolho quem me representa por ter uma conduta no mínimo igual a minha. E a minha tem sido, ao menos no aspecto moral, irrepreensível.

É o modelo do candidato Aécio Neves.

É um modelo que não me serve.

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoA. Razões econômicas: 01. Aécio Neves e seu partido, o PSDB, representam um segmento da sociedade que defende o neoliberalismo em sua versão mais aguda e nesse modelo, sabemos, tudo é feito pelo mais forte para o mais forte economicamente; 02. A luta entre capital e trabalho segue de vento em...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!