Muitos somos as sheherazades no Brasil: a carta ao Ney
Não me causa surpresa que as ideias da jornalista do SBT tenham encontrado tanta guarida, a ponto de espancamentos virarem notícia cotidiana. Todos os dias, agora, ficamos sabendo de casos de linchamento. (aqui um caso acontecido hoje no RS)
Mas não é essa a questão. A questão é o despertar do “efeito sheherazade” em uma parcela da população que, aparentemente, até então tinha medo de se mostrar como é.
Por sorte poucos são os que me conhecem pessoalmente, caso contrário já teria sido linchado depois de publicar o post anterior, a Carta ao Ney Matogrosso.
O nível de agressividade de boa parte dos comentaristas, se fosse ao vivo, equivaleria a um linchamento físico. Não se pode atribuir apenas ao desacordo com o que escrevi tamanho nível de agressividade de alguns muitos comentários.
O que a Sheherazade fez foi apenas “liberar geral” a hipocrisia. Ou melhor, agora ninguém mais precisa ser hipócrita e fingir que é “um santo”, enquanto se remói de maldade por dentro. As pessoas começam a assumir a agressividade e a reagir a qualquer contrariedade com violência, seja física seja verbal.
É uma situação para estudos de psicologia social e sociologia. Não há diálogo; não existem argumentos, entra-se direto com a violência. Escreveu algo de que não gostei? Pau nele!
Penso atribuir o fenômeno ao bom momento econômico e a uma ainda infância democrática que vivemos. Esse comportamento violento é típico de crianças que ainda não aprenderam a regular seus sentimentos e a conviver com a contrariedade. Minha carta, em certa medida, não foi agressiva com o Ney, embora tenha sido “duro” em algumas colocações.
A reação, por outro lado, não tem sido proporcional. Crianças imaturas, democraticamente falando.
Esse é o “efeito sheherazade”, a capacidade de despertar a verdadeira natureza das pessoas. Mas não qualquer natureza, apenas a fúria animalesca que move muita gente por esse Brasil afora. A capacidade de fazer as pessoas retirarem as máscaras que suportam como fardo e passarem a agir livremente como são: más e violentas.
E mais uma característica desse perverso efeito: as pessoas agridem sempre quem elas não conhecem. Não sabem um mínimo sequer da vida das pessoas e já saem agredindo…
De qualquer forma, os cometários continuarão a ser publicados, até como forma de estudo do “efeito sheherazade”.
https://www.escosteguy.net/muitos-somos-as-sheherazades-no-brasil-a-carta-ao-ney/O ChatoNão me causa surpresa que as ideias da jornalista do SBT tenham encontrado tanta guarida, a ponto de espancamentos virarem notícia cotidiana. Todos os dias, agora, ficamos sabendo de casos de linchamento. (aqui um caso acontecido hoje no RS) Mas não é essa a questão. A questão é o despertar...Luiz Afonso Alencastre Escosteguy [email protected]AdministratorEscosteguy