Tecnologia e Meio Ambiente: há futuro na ciência?
Não há nada mais representativo, na minha opinião, da história da humanidade do que esse trecho do livro/filme 2001: Uma Odisséia no Espaço (há, também, no clip acima, uma cena do filme Planeta dos Macacos). Historia humana que, na verdade, se resume à história da tecnologia. Muito antes da fala, e portanto muito antes da cultura (discussões sobre isso à parte, por favor), nossos ancestrais, em algum momento, aprenderam a se utilizar da natureza para transformá-la (observem a transposição que ocorre entre ciência e tecnologia, que ocorre por volta dos 5m32s do clip: o macaco olha os ossos; a cabeça volta-se de um lado para o outro, até que, num momento, decide pegar o osso e utilizá-lo. Impressionante a representatvidade da cena). Nenhum outro animal foi capaz de fazer do barro uma jarra para conter água. Nenhum outro animal foi capaz de transformar um osso em uma nave espacial, ou, como fez o macaco, transformá-la para destruí-la..
Os faraós egípcios tinham um problema aparentemente insolúvel para resolver: tornarem-se imortais. Conservarem seus corpos e riquezas para quando retornassem. Os romanos também tinham os seus problemas e um deles era o abasteceimento de água. Os egípcios construiram pirâmides e os romanos aqüedutos (tadinho do trema, vai morrer…). Ambos, pirâmides e aqüedutos, existem e resistem até hoje. Faraós egípcios e romanos não! Apenas na história.
Mas, sejam macacos, egípcios ou romanos, em nenhuma época a espécie deparou-se com um problema tão sério: a sobrevivência daquilo que dá suporte à própria existência humana: a natureza. A tecnologia sempre resolveu o problema, desde os primórdios, daqueles que tinham poder. Junte-se qualquer adjetivo, não importa. Tecnologia sempre esteve do lado dos mais fortes.
Há uma crença de que a tecnologia resolve nossos problemas. Será? Saiam desse mundinho restrito da internet e olhem ao redor. Ao redor da vida real:
– a tecnologia médica/farmacêutica ajuda a resolver os problemas da humanidade? Não! Milhões de seres humanos morrem sem assistência médica e por falta de remédios. As patentes falam mais alto!
– a tecnologia ajudou a resolver o problema da fome? Não, bilhões de pessoas passam fome e milhões morrem diariamente por falta de alimento. E, no entanto, apregoa-se aos quatro cantos que os transgênicos vieram para salvar o mundo. As patentes falam mais alto!
– a expectativa de vida aumentou graças a tecnologia? Não! Olhem atentamente para a metade da espécie humana que não aparece nos jornais: morrem tão cedo quanto sempre morreram.
– energia renovável? Sol, ventos, nuclear, mar? Olhem para o mundo e não apenas para o próprio umbigo! Que parcela da humanidade, em pleno século XXI tem acesso a energias alternativas? Menos de 5%! É piada falar nisso. Façam as contas: quantas pessoas são beneficiadas com energia eólica, ou de qualquer outra fonte alternativa? Quanto precisaríamos para que toda a espécie humana pudesse viver de fontes renováveis? Alguém está interessado em investir nisso?
A verdade é que a tecnologia sempre foi de poucos para poucos. Poderia listar alguns milhares de exemplos em que a tecnologia só serve para resolver o problema de alguns faraós (dentre eles, nós, os que ainda podemos nos dar ao luxo de escrever/ler na internet), enquanto destrói tudo o mais. E, em meio a esse mais, o meio ambiente.
Repito: sejam macacos, egípcios ou romanos, em nenhuma época a espécie
deparou-se com um problema tão sério: a sobrevivência daquilo que dá
suporte à própria existência humana: a natureza.
A tecnologia não é capaz de garantir a sobrevivência de seres humanos. Será capaz de garantir a sobrevivência do meio ambiente?
Com licença, pois vou tomar meu banho com um sabonete desenvolvido com a tecnologia que destrói as florestas da Indonésia, calçar meus tênis, feitos com tecnologia que mantém milhões em regime de trabalho escravo; pegar minha garrafinha d’água, colhida e embalada com tecnologia que termina por esgotar fontes naturais… E pegar meu carro para chegar a tempo no trabalho, porque prefiro dormir mais dez minutos…
Enfim, gosto da tecnologia. Afinal, não sou daqueles que precisa acordar às quatro da manhã para pegar ônibus… E sem esquecer de, quando chegar em casa, jogar no lixo a tecnologia que minha filha deixou nas fraldas descartáveis…
Não acredito na tecnologia como salvadora do mundo. Tanto quanto ainda não vi faraó algum retornar para reclamar seu reino…
https://www.escosteguy.net/tecnologia_e_meio_ambiente_ha/Debates AmbientaisFaça a sua partePara pensarNão há nada mais representativo, na minha opinião, da história da humanidade do que esse trecho do livro/filme 2001: Uma Odisséia no Espaço (há, também, no clip acima, uma cena do filme Planeta dos Macacos). Historia humana que, na verdade, se resume à história da tecnologia. Muito antes da...Luiz Afonso Alencastre Escosteguy [email protected]AdministratorEscosteguy
Acredito que a tecnologia pode ajudar tanto quanto destruir. Porém, o problema não está na tecnologia mas sim naqueles que tem seu poder em mãos.
Infelizmente, a grande massa que além de não usurfruir dos avanços tecnológicos (devido às desigualdades e etc), é a mais prejudicada. E o pior! São ignorantes o bastante para não fazerem nada!!
Acredito que sim, Afonso. Há ações neste sentido de encontrar fontes alternativas de energia e aparelhos e carros mais econômicos (porque os aficcinados por tecnologia não abrem mão dela, ceerto?). É uma utopia achar que voltaremos à Idade da Pedra. O certo é aprimorar as técnicas a favor do ambiente.
abraço, garoto
Sim, há futuro na ciência.
Eu acredito que a tecnologia pode ajudar o planeta a sobreviver.
A mesma tecnologia que é vilã pode ser redentora.
Basta saber e querer usá-la.
A tecnologia, ciência, que faz com que o homem viva mais (tempo) e melhor (alguns) pode ser usada para melhorar a vida do planeta.
Açoes tecnológicas coletivas são mais eficientes e baratas que ações individuais. Exemplo a reciclagem de resíduos, a gestão de rejeitos,…
Somos produtores de resíduos e rejeitos. Na maior parte das casas não temos espaço para gestão, logo a cooperação, a gestão de todos passa ao estado. Este deve e pode gerenciar tudo com critérios técnicos e tecnológias de modo que minimizem os efeitos adversos.
Minimizar pois sempre haverá efeitos.
Eu acredito muito na tecnologia para minimizar.
Tenho minha pegada ambiental e meu dia a dia é tentar diminuir. Difícil para quem calça 44.
Sei não, Afonso… O problema não é com a tecnologia e, sim, com o uso que fazem dela. E é claro que, se o problema não reside na tecnologia, per se, a “resposta” (se é que há uma…), necessariamente, não virá dela…
Mas que a tecnologia pode ajudar na busca das respostas, pode sim!… O que falta (e cada vez falta mais…) é a velha “vergonha na cara”. Aí as patentes não falariam tão alto.
“- a tecnologia médica/farmacêutica ajuda a resolver os problemas da humanidade? Não! Milhões de seres humanos morrem sem assistência médica e por falta de remédios. As patentes falam mais alto!”
Pegou no meu ponto fraco. (risos) Tenho a maior cisma com a indústria farmacêutica e com os remédios. A tecnologia médica, pra começar, desumaniza a medicina. Além disso, há um abuso no uso de medicamentos, e cada um tem lá seus efeitos colaterais, que, óbvio, todo mundo diz “ah, normal”. E o excesso de medicalização e tecnologia médica pode matar. Ih, assunto que dá pano pra manga.
O pior é que essa tecnologia toda (agora falando de um modo geral mesmo) que está destruindo está nas mãos de poucos – e esses poucos têm um poder absurdo. Tem horas que desanima, viu?
Mas sigo acreditando que a mudança tem que vir de baixo para cima. Continuo acreditando que é nesse trabalho de formiguinha que as coisas vão mudar.