And the Oscar goes to “Gullar”
Terminei o post “Acirra-se a disputa pelo cargo de Falso Profeta da Besta” dizendo: “é possível que outros menores da hoste resolvam melhorar a performance para concorrerem, também, ao cargo.”
Cumpriu-se a minha profecia. Ferreira Gullar – que segundo a Wikipedia é ” um poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo, ou seja, um detentor de uma carreira invejável – esforçou-se ao extremo para, na reta final, ultrapassar pesos pesados na corrida para ser o FALSO PROFETA DA BESTA DE 2012.
O texto dele, hoje na FSP, é de uma primariedade tal, que não há como não lhe outorgar – e vejam que por votação unânime – o cargo.
Senão vejamos:
“Muitos de vocês, como eu também, hão de se perguntar por que, depois de tantos escândalos envolvendo os dois governos petistas, a popularidade de Dilma e Lula se mantém alta e o PT cresceu nas últimas eleições municipais. Seria muita pretensão dizer que sei a resposta a essa pergunta. Não sei, mas, porque me pergunto, tento respondê-la ou, pelo menos, examinar os diversos fatores que influem nela.”
O parágrafo já parte de uma falsa premissa: a de que a existência de escândalos em um governo deveria, NECESSARIAMENTE, levar a uma queda de popularidade. É primário ao desconsiderar, como premissa de fundamentação de um texto, outros tantos fatores que se contrapõem.
“Assim, a primeira coisa a fazer é levar em conta as particularidades do eleitorado do país e o momento histórico em que vivemos. Sem pretender aprofundar-me na matéria, diria que um dos traços marcantes do nosso eleitorado é ser constituído, em grande parte, por pessoas de poucas posses e trabalhadores de baixos salários, sem falar nos que passam fome.
Isso o distingue, por exemplo, do eleitorado europeu, e se reflete consequentemente no conteúdo das campanhas eleitorais e no resultado das urnas. Lá, o neopopulismo latino-americano não tem vez. Hugo Chávez e Lula nem pensar.”
Parte diretamente para uma ofensa desnecessaria ao povo brasileiro para justificar seu pensamento. E ainda usa o subterfúgio de “sem pretender me aprofundar na matéria…”. Ora, qualquer um desse mesmo povo que ele desqualifica ante os europeus, entende que isso significa que ele JAMAIS poderá se aprfundar na matéria.
Ainda, apela para a velha acusação de populismo – agora travestido de “neopopulismo”, como se houvesse alguma diferença – governos cuja proposta central é tudo, menos populista. É mais uma etiqueta para tentar desqualificar um projeto social. Em dois parágrafos ele ataca ao povo e ao projeto que está acabando com a miséria no Brasil.
Demonstra, de forma cabal, ser contra tudo isso. Uma das razões pelas quais leva o cargo… Não bastasse, ainda ensaia explicação:
“Historicamente, o neopopulismo é resultante da deterioração do esquerdismo revolucionário que teve seu auge na primeira metade do século 20 e, na América Latina, culminaria com a Revolução Cubana. A queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética deixaram, como herança residual, a exploração da desigualdade social, já não como conflito entre o operariado e a burguesia, mas, sim, entre pobres e ricos. O PT é exemplo disso: nasceu prometendo fazer no Brasil uma revolução equivalente à de Fidel em Cuba e terminou como partido da Bolsa Família e da aliança com Maluf e com os evangélicos.”
É clara a ignorância sobre o que seja o neopopulismo. Era de se esperar, logo, que ele se utilizasse do termo apenas para dirigir seu parágrafo ao final, que é associar o PT, via citação de Cuba, da União Soviética, de Fidel, a um processo retrógrado e, pasmem, comunista. Coisa que o PT não é.
O chamando neopopulismo é fenômeno “moderno”, datado do se´c. XXI, com a ascenção, na América Latina, dos governos socialistas. Recomendo ao Gullar (e a quem mais se interessar pelo tema) a leitura do paper “Populismo e neopopulismo na América Latina: o seu legado nos partidos e na cultura política”, do professor, Ph.D em Ciência Política, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Marcello Baquero. Aqui. A leitura do texto, apesar de alguns considerandos que se possa fazer a ele, já mostra o quão ignorante – ou aje de má-fé mesmo – é o Gullar ao querer bancar o entendido em neopopulismo.
Esse parágrafo em muito contribuiu para a escolha dele como Grande Falso Profeta da Besta. Os outros canditados nunca mostraram, ao menos tão explicitamente, a ignorância que possuem.
Vivemos um neopopulismo, segundo o professor Marcelo? Sim, mas não esse que Gullar se utiliza para atacar o PT, inclusive citando Maluf e os evangélicos, com se ser evangélico fosse uma chaga. E tanto usa a figura de chaga para os evangélicos, que no prágrafo seguinte os faz a pior espécie de associação que Lula poderia ter feito:
“Esses são fatos indiscutíveis, que tampouco Lula tentou ocultar: sua aliança com os evangélicos é pública e notória, pois chegou a nomear um integrante da seita do bispo Macedo para um de seus ministérios. A aliança com Paulo Maluf foi difundida pela televisão para todo o país. Mas nada disso alterou o prestígio eleitoral de Lula, tanto que Haddad foi eleito prefeito da cidade de São Paulo folgadamente.”
Ao citar Maluf, volta a expressar sua estupefação com os resultados obtidos em São Paulo. Aqui retorna à premissa inicial de que escândalos (e Maluf seria um escândalo) deveriam ter acabado com o “neopopulismo” de Lula.
E segue batendo na tecla dos “escândalos”:
“E o julgamento do mensalão? Nenhum escândalo político foi tão difundido e comprovado quanto esse, que resultou na condenação de figuras do primeiro escalão do PT e do governo Lula. Não obstante, o número de vereadores petistas aumentou em quase todo o país.
E tem mais. Mal o STF decidiu pela condenação de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, estourava um novo escândalo, envolvendo, entre outros, altos funcionários do governo, Rose Noronha, chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo e pessoa da confiança e da intimidade de Lula.”
Agora, mas uma obra prima:
“Em seguida, as revelações feitas por Marcos Valério vieram demonstrar a participação direta de Lula no mensalão. Apesar de tudo isso, a última pesquisa de opinião da Datafolha mostrou que Dilma e Lula continuam na preferência de mais de 50 % da opinião pública.
Como explicá-lo? É que essa gente que os apoia aprova a corrupção? Não creio. Afora os que apoiam Lula por gratidão, já que ele lhes concedeu tantas benesses, há aqueles que o apoiam, digamos, ideologicamente, ainda que essa ideologia quase nada signifique.”
AVOCOU, como se a própria Besta fora, a verdade final: “as revelações feitas por Marcos Valério vieram a demonstrar a participação direta de Lula no mensalão”.
Hour concurs. Nenhum outro melhor falso profeta da Besta do que aquele que tenta se passar pela própria.
Aliás, fechem o STF! Sejamos uma república de apenas dois poderes: o poder da Besta e o poder dos seus falsos profetas.O Executivo e o Legislativo estarão à vossa mercê, Gullar. E o povo também, claro!
Ferreira Gullar decretou: vieram a demonstrar! Se ele diz, DEMONSTRADO ESTÁ!
Não há mais o que escrever. O restante do texto dele não atinge o nível desse último parágrafo. Sem sombra de dúvidas (e olha que ainda temos o último dia do ano) ele é o mais novo ocupante do cargo de
Grande FALSO PROFETA DA BESTA de 2012!
2013 promete…
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