classe_média_II

Aviso: generalizações são utilizadas no texto. Quem julgar que não se enquadra, ótimo.

O Jornal Sul21 publicou, dia 26 de agosto, uma entrevista com a professora Marina Reidel, intitulada “A escola ainda é um espaço homofóbico e transfóbico” (http://www.sul21.com.br/jornal/2013/08/a-escola-ainda-e-um-espaco-homofobico-e-transfobico-diz-marina-reidel/).

O tema, por si só, é de extrema importância e vale a leitura. A questão, no entanto, está nos comentários, mais precisamente de um leitor que se identifica como “denis”:

“Falou tudo, agenda gay. A quem interessa? A quem interessa a destruição da família? Não existe nada mais forte que o laço familiar. Religião, credo político, filosófico, raça, time de futebol, nada disso se compara ao laço familiar. Por isso sabemos porque ela sofre tantos ataques. Destruída a família ( e no seu lugar colocarão isso que aí vemos ) nada mais restará. Destruída a moral, tudo que era amoral passará a vigorar. Destruído Deus, não existe mais remissão, pecado, arrependimento. Matriculem seus filhos nas escolas desse tipo de professores. Ministrem o kit gay para eles. Acompanhem-nos quando quiserem aos 14 anos cortarem o pinto fora ou fabricarem um pinto para um menina. Mas não queiram que se dirijam pela mesma pauta. As pessoas vivem em uma realidade “Ilha do dr Moreau” e não se apercebem. A janela de Overtom e o Marxismo Cultural estão deixando o mundo doente. A infância está desprotegida. No lugar de homens com caráter, determinação e força-de-vontade teremos arremedos afeminados, preocupados com a estética, sem força-de-vontade e subversivos…” e,

“Só quem defende essas coisas são mulheres ( quanto mais abobalhado, fraco e manipulável for o homem, tanto melhor para elas) gays (não precisa explicar porque) e homens com déficit de testosterona, amansados por discursos feministóides (novamente elas) e esquerdistas”. (dentre outros)

Confesso que tenho andado feliz com a “bagunça” em que se meteu nossa pátria mãe gentil.

Novamente, alguns dirão se tratar, o “denis”, de caso isolado. Só que não. Conheço pessoalmente muita gente que, por aqui e presencialmente, defende as mesmas ideias. Essa é outra face nada oculta da nossa classe média: a defesa da família.

“Não existe nada mais forte que o laço familiar”. Devo admitir que razão assiste ao “denis”. Só que ele acaba com tudo quando diz “e no seu lugar colocarão isso que aí vemos”.

A Sagrada Família. Mas só se for família cristã. A classe média não abre mão dos valores que adota. Ela não é racista ou homofóbica, apenas apegada ao valor que criou a “remissão”, o “pecado” e o “arrependimento”. É o mesmo valor que determinou que quem não tem ”caráter, determinação e força-de-vontade” (sic), não é homem, serão “arremedos afeminados, preocupados com a estética, sem força-de-vontade e subversivos…”. Serão homens “com déficit de testosterona, amansados por discursos feministóides (novamente elas) e esquerdistas”.

Não há carga de preconceito nisso. Há apenas a luta da professora Marina Reidel: a cultura de um povo, que se forma pela educação. Somente a educação nas escolas será capaz de criar uma geração de cidadãos que vivam, desde crianças, um novo conceito de família. Um conceito que já está por aí, mas que os “denis” são incapazes de aceitar (sequer de compreender, diga-se de passagem).

Sou grato aos comentários do “denis”. Sou grato por ele ter mostrado a incapacidade da nossa classe média em entender que, sim, não há nada mais forte que o laço familiar. Por ter mostrado, mais uma vez, o quanto a classe média é hipócrita ao considerar a forma, e não a essência da família, como o mais importante.

Denis, assim como muitos, não sabe o que é a essência de uma família. Vive de um estereótipo criado por um valor. Acreditam piamente que só um homem, com caráter e determinação, e só uma mulher submissa à sua vontade, podem formar uma família e dar, aos filhos, amor, carinho, educação, moral, cidadania…

Meus parabéns à professora Marina e todos quantos dedicam suas vidas a mudar essa “visão de mundo”.

A Sagrada Família, aquela onde a forma importa mais que a essência…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyCidadaniaClasse MédiaO ChatoUncategorizedAviso: generalizações são utilizadas no texto. Quem julgar que não se enquadra, ótimo. O Jornal Sul21 publicou, dia 26 de agosto, uma entrevista com a professora Marina Reidel, intitulada “A escola ainda é um espaço homofóbico e transfóbico” (http://www.sul21.com.br/jornal/2013/08/a-escola-ainda-e-um-espaco-homofobico-e-transfobico-diz-marina-reidel/). O tema, por si só, é de extrema importância e vale a...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!