Dilma positivo01

O grande feito da mídia oligárquica não é alimentar um golpe, disfarçando-o com o falacioso impeachment.

Foi ter colocado Dilma e o PT entre a cruz e a espada. Ou seja: trata-se apenas de escolher qualquer morte quer ter.

Se fizer algo, toma pau; se não fizer, toma aço.

Qualquer movimento de defesa – que parte da mídia pró-governo e setores da sociedade cobram dela – será motivo para a mídia oligárquica fazer campanha contra ela sob o pretexto de ser um governo que não admite a liberdade de manifestação/imprensar, além, claro, que classificar como censura. Estaria realizado o sonho de Chico Caruso de ver a cabeça da Dilma cortada pelo aço.

Se nada fizer (por medo da espada), abre caminho para a direita, para o congresso conservador e, novamente, para que a mídia oligárquica jogue lenha na fogueira do ódio. É a cruz, morte lenta e dolorosa.

Parece não haver saída para Dilma.

Mas há. E não está em dizer que Dilma teve 54 milhões de votos e Aécio 51. Primeiro, Aécio não teve 51 milhões de votos. De coração, de fé, de crença verdadeira de que ele, seu programa e seu partido, era o melhor para o Brasil, quiçá tenha tido uns 30 milhões. Os outros 21 milhões são votos anit-PT e anti-Dilma. Muitos dos “traídos” também estão nessa conta. Tirando Aloysio Nunes – que de terrorista virou extrema direita, é pouco provável que pessoas com visão social progressista passem a apoiar um projeto neoliberal e retrógrado.

E antes que saim criticando a ideia, há nela, sim, uma substancial diferença: muitos dos aecistas acreditam no modelo defendido pelo PSDB. Economistas, analistas políticos, pensadores, e toda uma gama de gente de renome defende com argumentos que outro modelo de país seria melhor. Acreditam nas teses do estado mínimo, que só o mercado salva, etc. etc.. É gente série que não tem ódio, simplesmente divergências.

Muitos dos 21 milhões restantes também acreditam em um outro modelo de país e não nutrem ódio. São progressistas de outra cepa, mas ainda assim progressistas. São, em quase a sua totalidade, os “traídos”.

Verdadeiros aecistas e traídos não querem golpe, não querem impeachment e, menos ainda, a volta da ditadura civil-militar.

Em que grupo, então, atua a mídia oligárquica?

O governo e o PT insistem na tese da classe média burguesa. Eu sou classe média burguesa e sou PT e sou Dilma e sou Lula e sou progressista querendo um Brasil melhor para todos.

O PT e o governo erram exatamente onde a mídia oligárquica não erra: em identificar seu alvo.

O PT generaliza. Alberto Cantalice, ao comentar o “panelaço” de ontem, diz que foi “uma orquestração com viés golpista que parte principalmente dos setores da burguesia e da classe média alta”.

O PT setoriza e separa. A mídia oligárquica não. A mídia oligárquica faz pesca de arrastão. Joga a rede e depois joga fora o que não presta. Mas assim pesca uma quantidade muito maior de peixes para a sua causa.

O erro do PT (que é a quem cabe, primordialmente, defender o governo, o seu governo) é ser anacrônico e manter um discurso do século XX para pessoas que exigem poder viver no século XXI.

Vendem burguesia para jovens que quem passe livre; vendem burguesia para pobres; vendem burguesia como se eles mesmos não fizessem parte da “classe média burguesa”, com seus salários públicos astronômicos (ou privados), absolutamente afastados da realidade do povo a quem querem salvar.

É essa a imagem que acabam passando quando para tudo jogam a culpa na burguesia e na classe média alta (seja lá o que isso quer representar): o roto falando mal do descosido.

Enquanto isso a mídia oligárquica segue pescando…

Há solução? Há, mas não vou dizer qual é!

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoO grande feito da mídia oligárquica não é alimentar um golpe, disfarçando-o com o falacioso impeachment. Foi ter colocado Dilma e o PT entre a cruz e a espada. Ou seja: trata-se apenas de escolher qualquer morte quer ter. Se fizer algo, toma pau; se não fizer, toma aço. Qualquer movimento de...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!