briga torcidas

Segundo o advogado, o xingamento de Patrícia ocorre dentro do “contexto do futebol”. “Macaco, no contexto dentro do jogo, não se tornou racista. Isso se torna um xingamento dentro do futebol. Uma das expressões dentro do futebol. As próprias mães dos árbitros são xingadas historicamente dentro do futebol”, disse.” Palavras do advogado de Patrícia Moreira, a torcedora que xingou o goleiro Aranha de macaco (247).

Que advogados façam de tudo para livrar seus clientes é o esperado. Como também é o esperado que Ministério Público e Poder Judiciário não permitam que “teses estapafúrdias” tenham guarida e se tornem jurisprudência.

Se xingar a mãe do juiz é considerado algo “normal e aceitável”, devemos passar a considerar que xingar jogadores negros de “macaco” também o seja. Essa é a tese da defesa de Patrícia Moreira, a moça que causou a expulsão do Grêmio da Copa do Brasil.

Não existe racismo, não existe agressão, não existem comportamentos inaceitáveis dentro dos estádios. Podemos aceitar, doravante, que até brigas de torcidas – como a última ocorrida no estádio do Atlético PR em 2013, onde torcedores, já caídos e impossibilitados de se defenderem, tiveram suas cabeças covardemente chutadas – sejam consideradas normais, tudo dentro do “contexto do futebol”.

Justifica-se, assim, com o “contexto do futebol”, a irracionalidade como forma de comportamento.

Banaliza-se o mal. As pessoas agem não por ato de consciência, mas movidas por instintos naturais que afloram quando estão dentro dos estádios de futebol. Aliás, convenientemente chamados de Arenas.

Admitimos, vencendo a tese, que somos feitos de duas naturezas: uma fora e outra dentro dos estádios. Admitimos, vencendo a tese, que perdemos totalmente o que caracteriza a sociedade composta por humanos: o limite.

O que nos diferencia dos demais animais é justamente a capacidade de estabelecer limites aos comportamentos; de estabelecer regras que devem ser seguidas por todos os membros da espécie.

Pessoas que perdem a capacidade de julgar que seus comportamentos ferem essas regras, ou que pensam que isso faz parte do “contexto”, igualam-se a Adolf Eichmann. Hoje justificam xingamentos contra negros; amanhã estarão justificando massacres. E não apenas contra negros, mas contra todos que julguem não merecerem a dignidade da pureza de serem brancos, heteros e cristãos, como os pertencentes a classe superior de humanos.

A prova maior da banalização do mal não é o xingamento, mas o aparecimento de quem o justifique, mesmo que sendo advogado.

Se o Grêmio foi exemplarmente punido, que o seja também Patrícia Moreira. Caso contrário, estaremos dando um passo largo em direção à barbárie…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO Chato'Segundo o advogado, o xingamento de Patrícia ocorre dentro do 'contexto do futebol'. 'Macaco, no contexto dentro do jogo, não se tornou racista. Isso se torna um xingamento dentro do futebol. Uma das expressões dentro do futebol. As próprias mães dos árbitros são xingadas historicamente dentro do futebol', disse.'...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!