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“É a estória de dois homens, mendigos, Vladimir e Estragão que esperam a chegada  de um ser/coisa chamado Godot próximo a uma arvore, numa estrada deserta. Eles afirmam nunca ter visto Godot e nem ao menos saber quem é ele, porém parecem ter a  esperança de que esse ser/coisa virá e salvará eles da realidade que vivem.

A peça Esperando Godot é sobre a condição humana. Pessoas estão sempre  esperando por um “deus” ou que as coisas “caiam do céu”, ou seja, esperando algo para salvá-las, pois é necessário crer em algo ou alguém para dar sentido a nossa existência.”(ref.)

O trecho acima refere-se à peça teatral Esperando Godot, do irlandês Samuel Beckett, expoente do Teatro do Absurdo.

Qualquer semelhança com a atual conjuntura politica brasileira parece não ser mera coincidência, com apenas uma única diferença: se na peça Godot nunca aparece, as eleições de outubro com certeza acontecerão, apesar das absurdas manifestações antidemocráticas pela volta da ditadura ou até mesmo a volta dos militares. Por sinal, esses que apregoam esses retornos, estão mais do que bem representados pelas personagens: grande parte nunca viveu uma ditadura (nunca viu Godot) e mesmo assim acreditam que ela os salvará.

Outra parcela que faz teatro do absurdo é a oposição política. Muitos brasileiros e políticos adoram “Godots”, verdadeiros salvadores da pátria. Esperam que caiam do céu para salvá-los, precisam disso para dar sentido às suas existências políticas. E sempre tem que se meta a aparecer como se fosse Godot. Tivemos Collor, mais recentemente, e, agora, contamos com três “candidatos à Godot”: Aécio, Campos e sua “fiel” escudeira Marina.

Para completar a cena do teatro do absurdo da política brasileira, enquanto outubro não vem, temos a mídia oligárquica e seus urubus de estimação.

Percebam que até nisso vivemos o absurdo, segundo a definição criada por Martin Esslin:

“algumas características coincidem em muitas das peças: um sentido tragicômico, com quadros não necessariamente conectados; alternância entre elementos cômicos e imagens horríveis ou trágicas; personagens presas a situações sem solução, forçadas a executar ações repetitivas ou sem sentido; diálogos cheios de clichês, jogo de palavras e nonsense; enredos que são cíclicos ou absurdamente expansivos; paródia ou desligamento da realidade”. (aqui)

Não vemos conexão entre movimentos, políticas e mídia; muitos elementos cômicos; Aécio, Eduardo e Marina (os demais sequer dá citar) forçados a executar o mesmo roteiro sem sentido todos os dias, na sua grande maioria clichês eleitoreiros; a mídia que não se cansa de ser cíclica nas notícias prevendo a catástrofe do Brasil, da sua economia, da energia, da Petrobrás, da falta de água, do excesso de água, enfim, coisas absurdamente desligadas da realidade.

Só esquecem que o povo, o povo que não vai ao teatro e que sequer ouviu falar de Godot, esse povo, apesar de tudo, percebe o absurdo que a oposição, a mídia e meia dúzia de “manifestantes” fazem para tentar chegar ao poder.

Esperando Godot trata da condição humana daqueles que “esperam”. O que essa gente que faz o absurdo é incapaz de entender, é que o povo brasileiro não precisa mais esperar por eles, ou por alguém/algo que caia do céu.

A realidade está mostrando que não é absurdo algum ter comida na mesa, ter casa e ter emprego.  E ter cidadania para poder, a partir daí, exigir mais e mais.

E exigir algo que nunca lhes deram antes, mas que agora percebe que tem: dignidade humana.

Enquanto a direita conservadora retrógrada, apoiada pela mídia oligárquica, fica “Esperando Godot”, o povo fica “Esperando a Eleição”, pois já sabe que até lá só teremos cenas repetidas de uma batida peça do Teatro do Absurdo.

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO Chato'É a estória de dois homens, mendigos, Vladimir e Estragão que esperam a chegada  de um ser/coisa chamado Godot próximo a uma arvore, numa estrada deserta. Eles afirmam nunca ter visto Godot e nem ao menos saber quem é ele, porém parecem ter a  esperança de que esse ser/coisa...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!