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1. Todo ser humano, uma vez investido de uma função pública, deve comportar-se segundo os padrões estabelecidos pela sociedade que criou essa função pública. Joaquim Barbosa, como presidente de um Poder da República, comportou-se – e tem se comportado – como Joaquim Barbosa e não como ministro presidente de um dos Três Poderes.

2. Pessoas que confundem autoridade com direito de poderem fazer e ser como bem entendem, também costumam confundir isso com imunidade às críticas. Via de regra, quando criticadas, usam da autoridade para punir quem os critica. Se não faz de forma direta (com é fácil de fazer quando se trata de servidores), tenta fazer de forma direta, como no caso em que Joaquim Barbosa quase que “determinou” o afastamento da esposa de um jornalista que o questionou.

3. Embora não se considere um servidor público, pois há uma classe “apartada” que se autodenomina de “agentes políticos” (balela só pra poder ganhar mais dinheiro que os outros), Joaquim Barbosa é, sim, um servidor público. Portanto, embora pense que não, tem patrão. Tem quem lhe determine o que pode ou não fazer no exercício da função que lhe foi concedida. E para isso o patrão faz leis.

Esqueceu-se, Joaquim Barbosa, de que cargos públicos (não importa o nível) são concessões estabelecidas pela sociedade. Não é pelo fato de ter feito um concurso que pode achar que é independente da vontade do concedente. A independência funcional de um magistrado diz respeito somente à formação da sua convicção quanto aos elementos contidos nos autos que está julgando.

Uma vez formada e tomada a decisão, a forma com que a traz ao mundo segue o ditado pela sociedade que o permitiu tomar essa decisão. Joaquim Barbosa ignorou – e segue ignorando – todos os cânones sociais.

4. Apesar de não ser religioso, rezo todos os dias. E minha reza é uma frase de Descartes: “prefiro mil vezes a autoridade do argumento ao argumento da autoridade!”. Quase quatrocentos anos passados e ainda vemos Joaquim Barbosa valer-se apenas da sua autoridade.

A Teoria do Domínio do Fato é prova cabal da prevalência do argumento da autoridade sobre a autoridade do argumento. No fundo, é a prevalência do Joaquim Barbosa sobre o Presidente do Supremo Tribunal Federal.

O homem sobrepõe-se ao cargo. Pessoas que se sobrepõe ao cargo demonstram não estar a altura do cargo que lhes foi concedido.

5. Dois pesos e duas medidas é conceito corolário da hipocrisia. A máscara! A comunidade jurídica brasileira – e seus mais renomados representantes – estão vindo a público para tirar a máscara usada por Joaquim Barbosa.

Não há como ignorar as opiniões daqueles que foram os professores de todos quantos estão judicando. Inclusive do Joaquim Barbosa, que estudou nos livros escritos por eles.

Ou será que Joaquim Barbosa não estudou nos livros do Dalmo Dalari, do Celso Antônio Bandeira de Mello, do Ives Gandra Martins e de tantos outros que há mais de ano estão a demonstrar o que está acontecendo na AP 470?

Ou será que Joaquim Barbosa pensa que seus pares, que emitiram nota contra o seu comportamento ao criticá-los, estavam todos “fora da casinha”?

6. O Pecado Capital: a Soberba. Pesar-se superior aos demais. A arrogância. Novamente, o homem sobrepõe-se ao cargo.

Joaquim Barbosa pode dizer de si mesmo que venceu na vida. E todos quantos sabem um mínimo sobre a vida dele também podem dizer: venceu! Venceu a pobreza, venceu ser negro, venceu em uma sociedade determinada a fazer com que fosse mais um entre tantos serviçais.

Da condição de negro e pobre soube aproveitar, com inteligência, as concessões que a sociedade dá – em tese – a qualquer um: estudou, se formou e concursou. E essa trilha o levou a estar no lugar certo no tempo certo: eleito Lula, escolhido Joaquim Barbosa.

A soberba de Joaquim Barbosa está em não ter entendido o contexto da sua vida. E menos ainda o contexto da sua escolha. A criatura pretende se tornar maior que o criador.

Eis a arrogância do Homem. Pretender ser superior ao deus que o criou.

7. “Last, but not least”, a autoridade é dada pelo povo, portanto pode ser tirada a qualquer momento, pelo povo! Mas isso sequer passa pela cabeça dele e de qualquer um que venha a ocupar o cargo de Presidente do STF.

E vejam: Joaquim Barbosa só fez e faz tudo o que tem feito tão somente por estar Presidente do STF. Tivesse o julgamento da AP 470 acontecido sob outra presidência, quiçá outra seria a história a ser contada nos livros do futuro.

E eis que surge uma razão que diz respeito ao homem Joaquim Barbosa: o próximo presidente do STF será seu grande desafeto – pessoal e profissional – Lewandowski.

Todos nós faríamos a mesma coisa: concluir a obra antes que o nosso desafeto assuma e nos coloque – junto com todos os nossos projetos – na geladeira.

Enquanto existir autoridade, valerá o argumento da autoridade. Vamos aguardar pela autoridade do povo…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO Chato1. Todo ser humano, uma vez investido de uma função pública, deve comportar-se segundo os padrões estabelecidos pela sociedade que criou essa função pública. Joaquim Barbosa, como presidente de um Poder da República, comportou-se - e tem se comportado - como Joaquim Barbosa e não como ministro presidente de um...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!